Efeito Foehn e "forno Ibérico": conheça os fenómenos que explicam a potencial onda de calor em Portugal

Portugal continental vai ficar exposto a um episódio de tempo quente na reta final de julho. Prevê-se que uma potencial onda de calor atinja o nosso país a partir desta quinta-feira, 24 de julho, embora a intensidade e duração deste episódio de calor ainda esteja por determinar.
Quais são os fenómenos atmosféricos que explicam este evento de tempo quente no nosso país?
Com o anticiclone dos Açores a estender-se em crista para nordeste, a "porta" para a chegada de massas de ar muito quente e muito seco será 'aberta', proveniente do Norte de África e da própria Península Ibérica. Assistir-se-á também à combinação do efeito de “forno ibérico” com o efeito Foehn.
Abaixo explicamos em que consistem estes dois fenómenos meteorológicos, muito comuns no verão português, na unidade territorial do Continente.
Portugal gerará o seu próprio calor ao longo destes próximos dias
Por razões geográficas (latitude) e orográficas (relevo), o nosso país estará sujeito a gerar o seu próprio calor ao longo dos próximos dias. A Península Ibérica pode ser encarada, em certos momentos da estação estival em que o calor aperta, como um “mini-continente” que ‘aprisiona’ o calor que é gerado na sua geografia.
O “forno ibérico” gerará temperaturas bastante elevadas durante o dia, mais de 30 ºC nas regiões costeiras e iguais ou superiores a 35 ºC nas do interior, podendo chegar até 39/40/41 ºC localmente, especialmente no Alentejo, vale do Tejo e Sado e Sotavento Algarvio. Adicionalmente, são expectáveis ainda noites tropicais, com temperaturas mínimas iguais ou superiores a 20 ºC.

A contribuir para este fenómeno do "forno ibérico" estará também a radiação solar, cujos valores estarão muito elevados, decorrentes naturalmente também da época do ano em que estamos inseridos. É preciso ainda ter em conta os ventos quentes e secos que, de forma ocasional e nos momentos de maior calor estarão a soprar sobre o nosso país vindos de Es/Nordeste.
Por último, não esquecer o papel desempenhado pelo efeito Foehn. Trata-se de ar inicialmente frio e húmido, que sobe a encosta de um lado de uma montanha e ao descer pelo outro lado da encosta da montanha, perde a humidade, e torna-se quente e seco, tornando a região com temperaturas mais elevadas e com muito menos humidade.
Este efeito de Foehn é que se prevê que vá acontecer em diversas regiões de Portugal continental, inclusive naquelas que não estão tão habituadas a temperaturas tão elevadas.