"Propriedade quente": como o calor extremo em Espanha redefine a Geografia das habitações

O estudo examina o impacto das temperaturas extremas na dinâmica dos preços da habitação em Espanha, considerando os efeitos diretos e indiretos através do espaço geográfico. Utilizando dados de painel a nível provincial e um modelo econométrico espacial, os autores descobrem que um aumento no número de dias com temperaturas máximas superiores a 35 ºC ao longo do ano anterior está significativamente associado a um declínio tanto nos preços de venda como nos de arrendamento na província afetada.

Qual é a relações entre as temperaturas e a dinâmica dos preços da habitação?

Especificamente, por cada dia adicional de calor extremo no ano anterior, verifica-se um declínio direto de aproximadamente 0,08% nos preços de venda de casas e um declínio direto de 0,15% nos preços de arrendamento, dentro da mesma província. Em termos monetários, um dia adicional de calor extremo corresponde a uma redução de cerca de €1,40 por metro quadrado nos preços de venda.

Crucialmente, o estudo identifica um efeito indireto positivo nos mercados de habitação em províncias vizinhas e mais distantes, particularmente no setor de arrendamento. Este efeito é consistente com um padrão de prémio de preço da habitação induzido pela temperatura em regiões mais frias.

Estes efeitos indiretos são, em média, mais influentes do que os efeitos diretos correspondentes.

A diferença na magnitude é atribuída à maior mobilidade dos inquilinos em comparação com os proprietários, permitindo que os mercados de arrendamento respondam mais rapidamente a fatores relacionados com o clima. O efeito indireto positivo sugere que os vendedores e senhorios em províncias adjacentes a áreas extremamente quentes, mas com temperaturas mais amenas, beneficiam da mudança de inquilinos e compradores de casas que se afastam dos locais mais quentes.

O mecanismo económico subjacente a este prémio de preço induzido pela temperatura em províncias mais frias está ligado a um mercado de trabalho mais forte e a uma oferta de habitação mais limitada nessas regiões.

A análise dos efeitos indiretos também mostra que o impacto positivo do aumento das temperaturas nos preços da habitação é mais forte nas regiões mais quentes do sul e interior de Espanha, em comparação com as regiões mais frias do norte e noroeste.

Os resultados sublinham a importância de incorporar fatores relacionados com o clima na análise do mercado imobiliário e no planeamento de políticas de adaptação. Para as províncias mais expostas ao calor, o declínio dos valores imobiliários aponta para a necessidade de medidas de resiliência, como subsídios para melhorias energéticas.

Por outro lado, as províncias mais frescas necessitam de investimento direcionado em infraestruturas e oferta de habitação para fazer face ao aumento da procura e aos potenciais desafios de acessibilidade. Em suma, o estudo demonstra que o calor extremo está a remodelar a geografia da procura de habitação em Espanha, penalizando as áreas sobreaquecidas e recompensando as províncias mais frias através de ligações espaciais.

Referência da notícia

Fernandez-Perez, Adrian and Gómez-Puig, Marta and Sosvilla-Rivero, Simon, Hot Property: A Spatial Analysis of Temperature and Housing Prices in Spain (October 06, 2025), http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.5568658