Qual é a árvore mais bela do mundo? Os sul-coreanos garantem que é a ginkgo da aldeia Bangye-ri
Só mesmo depois de visitar a povoação poderá tirar as dúvidas, mas todos os outonos, as folhas desta espécie milenar mudam de cor, oferecendo um espetáculo de cortar a respiração

Bangye-ri é uma aldeia que se tornou internacionalmente conhecida por ter um dos tesouros naturais mais antigos e mais belos do mundo. Localizada na província de Gyeongsang, no sudeste da Coreia do Sul, a povoação venera há séculos uma árvore milenar, que pertence a uma espécie considerada como um fóssil vivo por existir há mais de 200 milhões de anos.
O seu porte é colossal, embora não seja a maior nem sequer a mais alta da Coreia do Sul. Mas, todos os outonos, oferece um espetáculo de tirar o fôlego, atraindo milhares de viajantes que chegam de todos os pontos do país e do continente asiático. A ginkgo biloba de Bangye-ri é, por isso, um orgulho para os sul-coreanos e um monumento nacional desde 1965.
A metamorfose dourada que anuncia o outono
Entre outubro e novembro, mais de quatro mil visitantes passam todos os dias pela aldeia para participar em rituais budistas e testemunhar de perto a metamorfose que este exemplar atravessa antes de entrar no inverno.
O fenómeno ocorre devido ao processo natural conhecido como senescência. Com as temperaturas mais baixas e a redução da luz solar, as folhas reduzem a produção de clorofila, o pigmento verde responsável pela fotossíntese, revelando outros pigmentos já presentes, como carotenoides (amarelos e laranjas) ou antocianinas (vermelhos e roxos).
A magia passada de geração em geração
A ciência explica a transformação da ginkgo biloba, mas a magia é ainda mais poderosa neste lugar povoado de lendas transmitidas de geração em geração. Um dos contos mais conhecidos atribui a sua origem a um membro do clã Seongju Lee (918-1392 d.C.), que plantou e cuidou da árvore até abandonar a aldeia.

Reza outra lenda que um monge budista parou em Bangye-ri para descansar e beber água, mas antes de seguir viagem deixou cair a bengala. O cajado cresceu, tornando-se numa ginkgo majestosa.
Os aldeões mais antigos contam ainda que a árvore era habitada por uma serpente branca, não deixando ninguém se aproximar dela. Considerada sagrada, os camponeses também acreditavam que teriam boas colheitas se as folhas da árvore amarelassem da noite para o dia no outono.
Mil anos e mil histórias de vida
As lendas e os contos atravessaram séculos, mas não serão mais antigos do que esta árvore. A sua idade, até há pouco tempo, foi uma incerteza. Durante décadas, os sul-coreanos acreditaram que a ginkgo da aldeia de Bangye-ri teria entre 800 e 900 anos. Mas um estudo do Instituto Nacional de Ciências Florestais corrigiu, em finais de 2024, estes cálculos, atribuindo-lhe 1317 anos.

A datação, na verdade, não surpreende, tendo em conta que se está diante de uma das espécies mais antigas no planeta. Amplamente distribuída na Ásia Oriental, foi importada para a Coreia do Sul quando o confucionismo e o budismo foram introduzidos a partir da China durante o Período dos Três Reinos (57 a.C. a 668 d.C.)
Muitas das gingkos espalhadas pelo país testemunharam inúmeros acontecimentos históricos e tragédias, como a ascensão e queda da Dinastia Goryeo (918-1392), a unificação da Península Coreana (936 d.C.), as invasões japonesas da Coreia (1592-1598) ou a Guerra da Coreia (1950-1953).
A sua existência é tão longa que se acredita ter sobrevivido a diversas mudanças climáticas e eventos geológicos, incluindo a era dos dinossauros. Há muitas razões, por isso, para serem veneradas e preservadas como tesouros nacionais na Coreia do Sul, mas também na China e no Japão.
Referências da notícia
Ginkgo Tree in Bangye-ri, Wonju- Wonju City
City of Wonju to Install Fire Protection Equipment Around 900-Year-Old Ginkgo Tree. koreabizwire.com
Wonju Bankye-ri Ginkgo Tree (Wonju Bankye-ri Ginkgo Tree). National Heritage Search