Análise à escala continental revela a bimodalidade generalizada das raizes: entenda o estudo!
A distribuição vertical das raízes finas em ecossistemas terrestres de toda a América do Norte. Conheça o resultado do estudo!

A pesquisa analisou perfis de raízes até 2 metros de profundidade em 44 locais, desde a tundra do Alasca até florestas tropicais de Porto Rico. Contrariando a expectativa tradicional de que a abundância de raízes diminui exponencialmente com a profundidade, cerca de 20% dos locais apresentaram uma distribuição bimodal de raízes, com um segundo pico de biomassa abaixo de 60 cm — frequentemente superior a 1 metro.
Essa bimodalidade está associada a menor biomassa total de raízes finas e a solos com alta concentração de nitrogénio em profundidade, sugerindo que nutrientes no subsolo são geralmente subexplorados.
O que propõem os investigadores?
Os autores propõem duas hipóteses para explicar este fenómeno: uma baseada na presença de nitrogénio que estimula o crescimento de raízes, e outra que considera que a acumulação de nitrogénio pode ser resultado do crescimento radicular profundo induzido por outros fatores, como a disponibilidade hídrica.

A análise mostra que essa bimodalidade não tem uma única causa universal, podendo ser resultado de condições específicas em cada local. Apesar disso, os modelos de classificação identificaram a biomassa radicular total como o melhor preditor do tipo de distribuição. A presença de bimodalidade é mais comum em áreas de vegetação arbustiva do que em pastagens.
Do ponto de vista ecológico, o estudo revela que as plantas são capazes de desenvolver raízes profundas para ter acesso a nutrientes subexplorados, especialmente sob mudanças ambientais como o aumento de CO₂ atmosférico.
Esta flexibilidade pode afetar os ciclos de carbono e nutrientes nos solos, com implicações para o sumidouro de carbono terrestre e para modelos ecológicos que até agora subestimam a importância do subsolo.
O trabalho destaca a necessidade urgente de mais pesquisas voltadas para os processos que ocorrem em solos profundos, tradicionalmente negligenciados na ecologia.