Triângulo de Verão: aproveite o céu noturno para um fabuloso serão!

Este verão não perca a oportunidade de desfrutar do céu noturno. Um dos mais célebres conjuntos de estrelas, o Triângulo de Verão, irá ser bem visível ao longo dos meses da época estival. Descubra o que é a melhor forma de o observar desde Portugal!

Triângulo de Verão;
Triângulo de Verão, um dos mais fascinantes espetáculos do céu noturno no hemisfério celestial setentrional durante a época estival.

Não só de chuvas de meteoros, planetas e fases da Lua é feito o céu quando o olhamos à noite no verão. Na estação mais quente do ano, a Astronomia presenteia-nos com um dos espetáculos mais fascinantes que é possível contemplar no céu noturno por parte de profissionais e entusiastas da Astronomia: o famoso “Triângulo de Verão”.

Durante o verão, o céu das primeiras horas da noite no hemisfério celestial setentrional fica “pintado” por três estrelas muito brilhantes: Vega (Alfa da constelação Lira), Altair (Alfa da constelação Águia) e Deneb (Alfa da constelação do Cisne). Quando as unimos com linhas imaginárias, aparece diante dos nossos olhos um enorme triângulo isósceles - o dito Triângulo de Verão. Desde cada um dos seus vértices torna-se simples descobrir três constelações muito fáceis de observar, até nos locais que possuem iluminação artificial.

Conhecendo cada uma das estrelas do Triângulo de Verão

Vega, a alfa da Lira (constelação) é uma das cinco estrelas de maior brilho aparente de todo o céu noturno, apenas ultrapassada por Sírio, Canopo, Alfa do Centauro e Arcturo e é azul-esbranquiçada.

A sua temperatura superficial é de cerca de 9000ºC e o seu diâmetro (4.500.000 km) é o triplo do solar. Para as latitudes portuguesas, Vega pode ser vista próxima do zénite, cerca das 23 horas, no princípio do verão. Encontra-se a 26 anos-luz de distância da Terra.

O seu tempo de vida será de apenas mil milhões de anos, um décimo da vida do Sol. É mais massiva que o Sol e muito mais energética. Na década de 80 foi descoberto um disco de poeira e gás à sua volta, alusivo à provável existência de planetas ou, pelo menos, às condições para a sua formação.

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O nome Altair, a alfa da Águia, tem origem no nome concedido pelos Árabes ao conjunto formado por Alfa, Beta e Gama: “Al Nasr al Tair”, a Águia Voadora. Altair é branca-amarelada e é a 12ª estrela mais brilhante em termos aparentes do céu inteiro.

O lugar de destaque surge por causa de estar fixada a apenas 17 anos-luz da Terra, sendo visível a olho nu. Possui uma rotação muito rápida e o seu equador concretiza uma rotação em apenas 6 horas e meia. Esta estrela é achatada nos pólos, pelo que o diâmetro equatorial é pelo menos 14% maior do que o seu diâmetro polar.

Por último, o nome da estrela mais brilhante do Cisne, Deneb, tem origem em “Al Dhanab al Dajajah”, a Cauda da Galinha, dado que para os Árabes era este o animal ilustrado pela constelação. Deneb é uma estrela branca em Cisne e é a 19ª estrela em brilho aparente no céu inteiro, sendo também uma das maiores supergigantes que se conhece. Tendo uma massa de 12 a 25 vezes a do Sol e o seu brilho equivale a 260.000 sóis.

Os números da sua distância ainda apresentam, de acordo com os investigadores, uma acentuada margem de incerteza, com as últimas estimativas a apontar para algo entre 1600 e 3200 anos-luz. O seu diâmetro ultrapassa o da órbita de Mercúrio e é entre 200 a 300 vezes maior que o do Sol. Se Deneb estivesse no lugar do Sol alcançaria a órbita da Terra.

É provável que quando Deneb explodir, se transforme numa supernova. O seu núcleo poderá originar uma estrela de neutrões e, por fim, isto originará o desaparecimento do atual Triângulo de Verão já que esta designação deixaria de fazer sentido.

A vida de uma estrela nestas condições é bastante curta e é provável que se converta numa violentíssima explosão (supernova). No momento em que isto ocorrer, irá tornar-se mais brilhante que uma Lua Cheia, tornando impossível a observação de outras estrelas durante algum tempo e sendo perfeitamente visível durante o dia. O seu núcleo poderá originar uma estrela de neutrões. Quando Deneb explodir, o atual Triângulo de Verão irá pura e simplesmente desaparecer, deixando de fazer sentido esta designação.

Como podemos observar e desfrutar do Triângulo de Verão?

Quando o vemos em direção a nascente, a estrela mais alta é Vega, a mais brilhante das três. O vértice mais setentrional é formado por Deneb. Já Altair é o vértice mais meridional e também o mais próximo do horizonte.

Se puder, desloque-se para um local escuro numa noite de céu limpo e sem Lua. Aí irá poder observar no firmamento a grande mancha estrelada conhecida como a Estrada de S. Tiago, ou apenas Via Láctea, a passar por entre Vega e Altair, com Deneb a destacar-se no meio deste mar de estrelas que cruza os nossos céus.

Triângulo de Verão; SPA
A partir de um local escuro, numa noite de verão com céu limpo e sem luz lunar, olhe em direção a nascente para procurar e contemplar o Triângulo de Verão nas primeiras horas da noite. Fonte: Facebook Sociedade Portuguesa de Astronomia (SPA), 2012.

Apesar de Deneb ser considerada a mais longínqua destas três estrelas, ela comporta-se de forma surpreendente, evidenciando a sua magnificência: estar a mais de 3000 anos-luz não a impede de ser uma das estrelas mais brilhantes do céu, brilhando cerca de 260.000 vezes mais do que o nosso Sol. Observamo-la com um brilho ligeiramente menor que Altair, embora esteja quase 200 vezes mais longe.

Noites de verão, um excelente pretexto para admirar o céu noturno

Por fim, depois de aprender a contemplar o Triângulo de Verão, porque não seguir o caminho lácteo para Sudeste e fazer uso dos binóculos para se deleitar com os inúmeros objetos celestiais presentes no centro da nossa Galáxia, por entre as constelações de Sagitário e Escorpião? Em noites de verão, o céu joga a nosso favor e nunca deixa de ser fabuloso vaguearmos por entre nebulosas e enxames, na praia, no campo, na cidade e na montanha.