Nebulosa interna de Cassiopeia A pode estar a "implodir" após colisão

Um dos objetos mais famosos do céu - o remanescente de supernova Cassiopeia A - exibiu recentemente um movimento bizarro que intrigou os astrónomos. O que poderá estar a acontecer? Contamos-lhe mais aqui!

Cassiopeia A; supernova; nebulosa interna; colisão
A Cassiopeia A, representada nesta imagem fornecida pela NASA, é um remanescente de supernova localizado na constelação de Cassiopeia. Astrónomos descobrem movimento bizarro lá, o que poderá estar a acontecer?

Parte da nebulosa interna de um remanescente de supernova (Cassiopeia A) mostrou, recentemente, um movimento bizarro, e, de acordo com um novo estudo, os cientistas acreditam que tal se pode dever à colisão com algum objeto.

Na investigação, elaborada por académicos da Universidade de Harvard e da Universidade de Amesterdão, a conclusão foi de que a possível colisão seja a que explique o porquê da parte interna da nebulosa de Cassiopeia A não estar a expandir-se para fora como o resto dos materiais, mas sim para dentro da origem de uma explosão. Como? Descubra abaixo!

O que é a Cassiopeia A?

A Cassiopeia A é um remanescente de supernova, formado por uma nuvem em expansão, ejetada após a explosão (ou morte) de uma estrela massiva, dentro da grande constelação de Cassiopeia. Esta famosa constelação encontra-se relativamente perto do nosso Sistema Solar, localizando-se a cerca de 11.000 anos-luz de distância.

A partir da explosão em Cassiopeia, um clarão de luz foi emitido e só chegou à Terra em 1670. A par do enorme brilho, a catástrofe originou nuvens espessas de poeira e compostos gasosos que impossibilitaram a visualização deste evento, tanto a olho nu como através instrumentos terrestres.

A parte oeste da nebulosa interna de Cassiopeia A está a deslocar-se para dentro da origem da explosão, em vez da natural expansão ou deslocação para o exterior. O que será que explica este movimento bizarro?

A explosão da Cassiopeia A ainda existe até hoje, expandindo-se a cerca de 4.000 a 6.000 quilómetros por segundo desde a sua localização original. Estima-se que as temperaturas geradas a partir da explosão alcancem até cerca de 30 milhões de graus Celsius.

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De acordo com um relatório exposto na PhysOrg, a expansão foi também induzida pelas partículas de gás presentes no perímetro da estrela em fim de vida. Atualmente, a Cassiopeia A ocupa um espaço que mede cerca de 16 anos-luz de diâmetro. Os autores do novo estudo examinaram um enorme conjunto de dados recolhidos ao longo de quase duas décadas pelo Chandra X-ray Observatory.

Segundo observações efetuadas no estudo liderado pelo astrónomo Jacco Vink, a parte oeste da nebulosa das regiões internas de Cassiopeia A está a deslocar-se para dentro da origem da explosão, em vez da natural expansão ou deslocação para fora. Graças à atividade bizarra, as taxas de aceleração e desaceleração da onda de choque exterior também foram medidas.

Movimento interno devido a uma colisão

Jacco Vink, do Anton Pannekoek Institute/GRAPPA da Universidade de Amesterdão, explicou que a deslocação que ocorreu ‘ao contrário’, no oeste de Cassiopeia A, pode ser explicada por duas razões.

O movimento para trás, ou é causado por um buraco de vácuo que faz com que uma 'carapaça' quente se mova para dentro localmente, ou então que a nebulosa ‘tropeçou’ num material desconhecido diferente, a tal colisão. De acordo com os modelos analisados pela equipa, acredita-se que o segundo palpite é o suspeito mais provável.

Modelos de computador apresentaram uma previsão que correspondia ao que a equipa calculou, na qual o choque perde velocidade inicialmente, mas acelera após a colisão. Para fornecer provas adicionais da colisão, um grupo italiano separado investigou o acontecimento. Na investigação descobriu-se que a onda de choque teria colidido com uma carapaça de partículas de gás.

Esta carapaça muito provavelmente materializou-se quando a estrela libertou um vento irregular de partículas de gás ao explodir. Em 2019, o grupo de Vink e os estudiosos italianos apresentaram resultados que correspondiam a partir das observações preliminares. Vink explicou que os modelos de cada grupo tinham peças de puzzle que assentavam nos seus respetivos lugares.