Será que as árvores geneticamente alteradas absorvem mais CO2?

Empresa norte-americana cria árvores geneticamente modificadas para serem mais eficazes a absorver dióxido de carbono (CO2) da atmosfera e produzir madeira muito mais rápido do que o normal. Saiba mais sobre este processo aqui!

Árvores modificadas
Choupos ou Álamos geneticamente modificados crescem mais rápido para que absorvam mais dióxido de carbono, afirma startup criadora da inovação.

Com um cenário nada favorável que se adivinha para o planeta Terra devido às alterações climáticas e à pouca movimentação dos governos dos grandes países face à redução da emissão de gases com efeito de estufa, é urgente pensar em soluções criativas e inovadoras em relação ao problema.

Tendo isto em conta, a startup Living Carbon pensa ter encontrado uma forma viável de desenvolver árvores geneticamente modificadas para conseguirem capturar mais carbono da atmosfera.

De acordo com a empresa de biotecnologia Living Carbon, em São Francisco, e uma recente notícia do jornal Público, foram plantados pequenos choupos numa propriedade privada na Geórgia, nos Estados Unidos, geneticamente modificados, para produzir madeira de forma mais rápida e serem mais eficazes a absorver CO2 da atmosfera, o gás mais importante e responsável pelas alterações climáticas.

Segundo Maddie Hall, co-fundadora e administradora da empresa conseguiram o investimento inicial de 36 milhões de dólares através de financiadores privados que acreditam que a engenharia genética é capaz de lutar contras as alterações climáticas.

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Para alguns cientistas este projeto parece ter avançado com demasiada rapidez, uma vez que a empresa não publicou ainda nenhum artigo científico sobre os métodos do projeto, divulgando apenas os resultados de um ensaio realizado em estufa com a duração de alguns meses.

Porém, de acordo com o New York Times, estes choupos podem ser as primeiras árvores transgénicas plantadas nos Estados Unidos fora de um ensaio científico ou pomar comercial.

Desenvolvimento em estufa

Os investigadores responsáveis afirmam ter conseguido trabalhar de forma eficiente no ADN das árvores para que elas pudessem retirar mais carbono da atmosfera e sequestrá-lo com segurança, um processo que pode fazer com que esforços de reflorestação possam ser ainda mais eficientes.

Os ajustes genéticos que a Living Carbon tem como alvo envolvem o processo de fotossíntese, tornando as plantas mais eficazes na absorção da luz solar.
As árvores com esta edição genética, em teoria, crescem mais rápido do que as restantes, enquanto retiram quantidades maiores de carbono da atmosfera terrestre.

“Cerca de 75% das terras em todo o mundo foram degradadas devido à atividade humana. Como desenvolvemos espécies que seriam capazes de capturar carbono nestes espaços de terra? É necessária biotecnologia para isso” – de acordo com Maddie Hall, co-fundadora da Living Carbon

Outro benefício potencial das árvores editadas por genes é que as suas raízes crescerão mais rapidamente, o que poderá ajudar a combater mais rapidamente a erosão do solo em áreas não florestadas.

Em plano de estudo, de acordo com um relatório da Living Carbon, uma árvore geneticamente alterada acumulou 53% mais massa durante cinco meses de crescimento, o que se traduz em cerca de 27% a mais de carbono capturado.

Desconforto entre ambientalistas

A temática das árvores transgénicas não é vista por bons olhos por alguns cientistas, ambientalistas, responsáveis do setor florestal e as mais importantes organizações que certificam florestas sustentáveis e proíbem árvores transgénicas.

Existem preocupações razoáveis, incluindo se as árvores geneticamente modificadas se podem tornar numa espécie invasora indesejada.

Para poderem ser plantadas nas florestas nacionais dos Estados Unidos, que representam um quinto da área florestal daquele país, as árvores da Living Carbon teriam de estar alinhadas com os planos de gestão que consideram mais prioritário manter a saúde e diversidade da floresta, do que reduzir a quantidade de carbono na atmosfera.

No entanto, nem tudo é um "mar de rosas" neste projeto. Um dos grandes desafios dos investigadores da Living Carbon é o preço do projeto. A tecnologia desenvolvida por esta empresa é extremamente cara e ainda não se sabe se é escalável ou não escalável.