Proteção da camada de ozono: as consequências no ciclo do carbono

A proteção da camada de ozono protege a vegetação da Terra e impediu que o planeta aquecesse mais 0,85 ºC, de acordo com novas investigações da Universidade de Lancaster, NASA e outras instituições. Saiba mais aqui!

Camada de ozono; atmosfera.
Experiências anteriores sobre "o mundo que queremos evitar" mostraram que, sem o Protocolo de Montreal, os níveis de ozono teriam sido esgotados globalmente em meados do século XX.

Um novo estudo, publicado na revista Nature, mostra que ao proteger a camada de ozono, a radiação ultravioleta (UV) nociva é bloqueada. O Protocolo de Montreal, que regula as substâncias que empobrecem a camada de ozono, também abrange as plantas e a sua capacidade de remover carbono da atmosfera. O impacto das plantas não foi tido em conta na investigação anterior sobre as alterações climáticas.

"Sabemos que a camada de ozono está ligada ao clima. Sabemos que os gases com efeito de estufa afetam a camada de ozono. Mas o que nunca fizemos foi ligar a camada de ozono ao ciclo do carbono terrestre", disse o autor principal Paul Young, um cientista atmosférico e climático da Universidade de Lancaster, no Reino Unido.

A camada de ozono

A camada de ozono na estratosfera bloqueia a radiação ultravioleta que pode danificar o tecido dos seres vivos, incluindo as plantas. O buraco na camada de ozono, descoberto em 1985, é o resultado das emissões humanas de clorofluorcarbonetos (CFC), que são produtos químicos que empobrecem a camada de ozono, e de gases com efeito de estufa, outrora utilizados como refrigerantes em frigoríficos e em aerossóis.

Estes foram gradualmente eliminados pelo Protocolo de Montreal, assinado em 1987, e as suas subsequentes emendas.

O estudo

Os cientistas já simularam anteriormente o "mundo que queremos evitar", aquando da proibição dos CFC. Agora, o novo estudo volta à mesma questão: o que aconteceria se os CFC continuassem a ser emitidos? E examina o efeito nas plantas.

A equipa utilizou uma série de modelos para obter uma imagem mais completa e simular dois cenários hipotéticos: o mundo projetado e o mundo evitado. "O mundo projetado é semelhante ao caminho em que estamos atualmente", disse Luke Oman, um cientista físico investigador que se concentra na química e dinâmica atmosférica no Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, em Greenbelt, Maryland. "O mundo evitado representa um caminho que ainda não percorremos".

Para este cenário de "mundo evitado", os investigadores partiram do princípio de que as emissões de CFC aumentariam ao mesmo ritmo, em 3% por ano, a partir da década de 1970. Os modelos mostram que até 2050 haveria um grande desbaste da camada de ozono em todo o mundo.

As consequências do cenário a evitar

Nos modelos do mundo evitado, uma camada de ozono esgotada permitiria que a radiação ultravioleta (UV) mais prejudicial chegasse à superfície, inibindo as plantas de armazenarem carbono nos seus tecidos e solo. Consequentemente, a Terra seria, provavelmente, 0.85 °C mais quente nesse cenário, apenas por causa do impacto nas plantas.

Num cenário a evitar, o armazenamento de carbono seria muito inferior ao que é atualmente e isso poderia resultar num aumento exponencial de dióxido de carbono, fazendo com que a temperatura global aumentasse quase 1 ºC.

Globalmente, os danos causados às plantas resultariam em 580 mil milhões de toneladas métricas de carbono não armazenado nas florestas, no solo e na vegetação. Em vez disso, este seria libertado para a atmosfera, aumentando os níveis de CO2 atmosférico em 30%, em comparação com o cenário global projetado.