Nuvens noctilucentes e a mudança climática

Nuvens noctilucentes formam-se apenas sob condições muito especiais e a sua ocorrência pode ser usada como um indicador do efeito da mudança do clima na atmosfera. Contamos-lhe os detalhes aqui.

Nuvens noctilucentes no crepúsculo, importantes para entender a mudança climática.

Nuvens noctilucentes, ou nuvens que brilham à noite, são formações de cristais de gelo em forma de nuvem que por vezes ocorrem na atmosfera média, designada por mesosfera, a cerca de 80 quilómetros acima da superfície da Terra e que só são visíveis durante o crepúsculo no verão.

Nuvens noctilucentes

Estas nuvens são as nuvens mais altas da atmosfera da Terra e formam-se quando o vapor de água congela em torno de partículas de poeira dos meteoros que chegam. Estas formações são mais frequentemente observadas durante os meses de verão, nas latitudes entre os 50° e 70°, quando o Sol já está abaixo do horizonte, mas enquanto as nuvens ainda estão à luz do sol.

Estas nuvens são muito fracas para serem vistas durante o dia. A classificação de nuvens noctilucentes é uma classificação relativamente recente e a sua ocorrência parece estar a aumentar em frequência, brilho e extensão.

Impacto da mudança climática nas nuvens noctilucentes

De acordo com um novo estudo liderado pelo Instituto Leibniz de Física da Atmosfera em Kühlungsborn, Alemanha, o aumento do vapor de água na atmosfera da Terra, devido às atividades humanas, está a tornar as nuvens noctilucentes mais visíveis. Os resultados sugerem que essas nuvens, cada vez mais comuns, vistas apenas nas noites de verão, são um indicador das mudanças climáticas causadas pelo homem.

Foram observadas pela primeira vez as nuvens noctilucentes em 1885, depois da erupção do vulcão Krakatoa na Indonésia ter expelido enormes quantidades de vapor de água no ar. As nuvens tornaram-se mais comuns durante o século XX e, na década de 1990, os cientistas começaram a interrogar-se se a mudança climática as tornava mais visíveis.

Emissão de gases com efeito de estufa.

Neste novo estudo, os autores usaram observações por satélite e modelos climáticos para simular como os efeitos do aumento de gases de efeito estufa da queima de combustíveis fósseis contribuíram para a formação de nuvens noctilucentes nos últimos 150 anos. A extração e a queima de combustíveis fósseis fornecem dióxido de carbono, metano e vapor de água na atmosfera, todos eles gases com efeito de estufa.

Os resultados do estudo sugerem que as emissões de metano aumentaram as concentrações de vapor de água na mesosfera em cerca de 40% desde o final do século XIX, o que provocou um aumento mais do que o dobro da quantidade de gelo que se forma na mesosfera, zona da média atmosfera onde se formam as nuvens noctilucentes. Os autores concluíram que as atividades humanas são a principal razão pela qual as nuvens noctilucentes são significativamente mais visíveis agora do que há 150 anos.

Os resultados sugerem que nuvens noctilucentes são um sinal de que a mudança climática causada pelo homem está a afetar a atmosfera. O facto das nuvens noctilucentes mais espessas e visíveis, poderem influenciar o clima da Terra, será objeto de investigações futuras. Segundo Ilissa Seroka, cientista do Environmental Defense Fund em Washington, as emissões de metano estão a ter impacto na atmosfera, não só na sua temperatura mas também na composição química.