Estes foram os efeitos climáticos globais das políticas de qualidade do ar, da redução da poluição, na Ásia Oriental

A maior redução da poluição do ar ocorreu na China, onde a poluição do ar ambiente é responsável por cerca de 1 milhão de mortes por ano.

Os aerossóis resultantes da poluição atmosférica arrefecem a atmosfera

Um novo estudo, publicado na revista Communications Earth and Environment, analisou a nível global o efeito da redução da poluição do ar no Leste Asiático.

O aquecimento global, impulsionado principalmente pelas emissões de gases de efeito estufa, tem acelerado nos últimos 15 anos, levando a temperaturas superficiais recordes. Tem-se verificado um aquecimento médio anual global em rápida evolução de 0,07 ± 0,05 °C, desde 2010.

Também foi a partir de 2010 que os países do Leste Asiático iniciaram ações de modo a reduzir a poluição atmosférica. No entanto a poluição atmosférica, os aerossóis de sulfato, também ajudam a arrefecer o clima, controlando parte do aquecimento causado pelos gases de efeito estufa.

Este arrefecimento, causado pelos aerossóis, mascaram parcialmente o aquecimento causado pelos gases de efeito estufa, predominantemente através das interações entre aerossóis e nuvens que afetam o albedo e a cobertura das nuvens, juntamente com os efeitos diretos dos aerossóis nas ondas curtas.

Efeitos climáticos globais das políticas de qualidade do ar na Ásia Oriental

Analisar os efeitos climáticos das emissões de uma única região é um desafio. Isso requer simulações climáticas que não estão prontamente disponíveis e dados atualizados sobre emissões que capturem as reduções reais da poluição na China continental e arredores.

Os autores deste estudo, utilizando um conjunto de 10 simulações de membros do conjunto de oito modelos climáticos diferentes, quantificam a resposta climática transitória à redução gradual das emissões de aerossóis da Ásia Oriental.

Os autores do estudo constataram, desde 2010, um aquecimento médio anual global de 0,07 ± 0,05 °C e um aumento correspondente da humidade de cerca de 4 ± 2%/°C.

As reduções de emissões nas simulações utilizadas correspondem às reduções de emissões realizadas no Leste Asiático durante o período de 2010 a 2023, em magnitude e localização geográfica.

O estudo revelou que as reduções de emissões no Leste Asiático contribuíram com subidas da temperatura até 0,05 °C/década desde 2010, explicando uma grande parte do aumento observado de 0,06 °C/década no mesmo período, após filtrar os efeitos da variabilidade interanual.

Além disso, a redução da poluição no Leste Asiático alterou a forma como as temperaturas têm vindo a aumentar em diferentes partes do mundo, como é o caso do aquecimento no Pacífico.

Os autores do estudo constataram também que a localização geográfica da influência das emissões de sulfato no Leste Asiático na temperatura corresponde ao local onde as observações mostram um aumento recente no aquecimento e também onde as observações por satélite detetam um aumento no desequilíbrio radiativo.

Isso corrobora a conclusão de que os recentes esforços intensivos para combater a poluição atmosférica na China tiveram, como efeito colateral não intencional, uma contribuição significativa para a tendência de aquecimento observada recentemente.

No futuro, as emissões do Leste Asiático devem continuar a diminuir. No entanto, a taxa de mudança diminuiu significativamente, e estima-se que resta menos de 25% do valor de 2010 a ser reduzido.

De acordo com um dos autores do estudo, os efeitos climáticos da poluição atmosférica são de curta duração, enquanto o impacto das emissões de dióxido de carbono pode ser sentido durante séculos. Isto significa que a aceleração do aquecimento devido à redução da poluição atmosférica também é provável que seja de curta duração.

Referência da notícia

“East Asian aerosol cleanup has likely contributed to the recent acceleration in global warming”, Bjørn H. Samset et al., Communications Earth & Environment volume 6, Article number: 543, Published: 14 July 2025.