Crianças que têm acesso a espaços verdes podem desenvolver ossos mais fortes

Estudo da Universidade de Hasselt revela que a proximidade a espaços verdes fortalece os ossos das crianças, destacando-se a sua importância vital para uma vida mais saudável. Saiba mais aqui!

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Proximidade a espaços verdes pode melhorar a densidade óssea das crianças. Conclusões foram retiradas pela Universidade de Hasselt.

Um estudo conduzido pela Universidade de Hasselt, na Bélgica, revela que crianças que vivem próximas a espaços verdes apresentam ossos notavelmente mais fortes, o que pode impactar positivamente a saúde ao longo da vida. Publicado recentemente no JAMA Network Open, o estudo revela a importância da exposição precoce a áreas naturais para o desenvolvimento ósseo durante períodos essenciais de crescimento e desenvolvimento.

A exposição a espaços verdes e saúde óssea infantil

A investigação (a primeira desta tipologia) analisou os dados de pares de mãe-filho da região de Flandres, na Bélgica, acompanhando-os por um período entre quatro e seis anos, desde o nascimento até aos primeiros passos na infância. Os resultados revelaram uma associação entre a exposição a espaços verdes em áreas residenciais e a Densidade Mineral Óssea (DMO) das crianças. De facto, quanto mais verde é um espaço em redor da residência, maior será a saúde óssea infantil.

Os investigadores determinaram também os espaços verdes dentro de vários raios de influência relativamente às áreas residenciais, distinguindo-os entre vegetação arbórea, arbustiva e herbácea. Segundo a investigação, um aumento na exposição a espaços verdes mais densos num raio de 500 metros da habitação estava associado a um aumento significativo na densidade óssea. Mesmo em distâncias até 1000 metros, o aumento da exposição a áreas verdes relacionava-se com um aumento da densidade óssea, colocando-a no percentil 90.

As evidências resultantes desta investigação reforçam diversas políticas europeias, designadamente inseridas dentro das premissas lançadas pela Lei da Restauração da Natureza, do Conselho da União Europeia, onde se destacam os benefícios da proximidade a áreas naturais para o desenvolvimento infantil. Não se pode, contudo, descurar também as implicações para a saúde pública, especialmente em relação à prevenção de fraturas e osteoporose na vida adulta.

O professor Tim Nawrot, um dos autores do estudo, realça que a força óssea desenvolvida durante a infância pode ter impactes duradouros na saúde óssea ao longo da vida. Quanto mais forte a massa óssea neste período, maior será a capacidade óssea na vida adulta e na velhice.

Deste modo, a mensagem-chave deste estudo é a de que os planeadores urbanos, geógrafos, arquitetos e, em última instância, os políticos têm um papel crucial para o reforço dos ossos das crianças ao aumentar o acesso aos espaços verdes.

Benefícios multivariados dos espaços verdes na infância

A relação entre os espaços verdes e ossos mais fortes é atribuída, em grande parte, aos níveis mais elevados de atividade física que as crianças desenvolvem ao viverem mais próximas de parques e praças arborizadas. Combinado com o exercício físico que estes espaços podem providenciar, além de estimular o crescimento ósseo, contribui para uma massa óssea mais robusta desde tenra idade. Outros aspetos do desenvolvimento infantil que podem ser valorizados com a proximidade aos espaços verdes, trata-se do bem-estar mental e emocional e da possibilidade de reforçar o QI.

Note-se, pois, que o resultado deste estudo tem implicações importantes para intervenções direcionadas para as fases iniciais da vida, visando diminuir o risco de fraturas e osteoporose ao longo da vida.

Ao compreender-se melhor o modo como o ambiente em que vivemos influencia o nosso desenvolvimento físico, podemos desenvolver políticas e práticas mais eficazes para promover a saúde óssea e geral das crianças.

Referência da notícia:
Sleurs, H., Silva, A. I., Bijnens, E. M., Dockx, Y., Peusens, M., Rasking, L., ... & Nawrot, T. S. (2024). Exposure to residential green space and bone mineral density in young children. JAMA Network Open, 7(1), e2350214-e2350214. 10.1001/jamanetworkopen.2023.50214