As alterações climáticas no Meio Marinho

As alterações climáticas têm vindo a ser identificadas como uma das maiores ameaças à biodiversidade do nosso planeta. Estima-se que cerca de 20 a 30% das espécies de animais e plantas estarão ameaçadas pelo aumento da temperatura média global.

As AC e as Tartarugas Marinhas
O aquecimento global poderá ser considerado a principal causa da extinção de espécies no século XXI, agravando-se a situação em espécies que são já pressionadas pela ação humana, como é o caso das tartarugas.

O aquecimento global apresenta desafios a espécies que dependem da temperatura para a determinação do sexo, como é o caso das tartarugas marinhas. Se a temperatura do planeta continuar a aumentar as tartarugas poderão deixar de existir, pois a elevada temperatura proporciona a produção de fêmeas (ocasionando a feminização da espécie) ou então, com a incubação em areias muito quentes os ovos podem-se tornar inviáveis.

Segundo um estudo publicado em 2018 na revista Current Biology, para que nasça um número exato de tartarugas fêmeas e machos, os cientistas explicam que a temperatura deverá ser de 29ºC, aproximadamente. Encontrando-se abaixo disso, o mais provável é que nasçam tartarugas do sexo masculino. Quando a temperatura ultrapassa os 30ºC, a hipótese de nascerem tartarugas fêmeas é elevada.

Quando a temperatura do planeta aumenta, consequentemente aumenta a temperatura do ar, da água do mar e da areia. Num estudo realizado em 2014 nas ilhas de Cabo Verde, no Atlântico, com estimativas de dados entre 1854 a 2013, alguns investigadores estimaram que praias com areia de cor diferente influenciam na determinação do sexo. Praias com areia clara produziram 56% de fêmeas enquanto as praias com areias escuras produziram 88%. Porém, quando as projeções futuras foram realizadas para um período entre 2013 e 2100 os resultados obtidos excederam os 95% de produção de fêmeas nas diferentes praias.

Tartarugas Marinhas
Espera-se que as mudanças climáticas globais tenham grandes impactos sobre a biodiversidade e sabe-se que as tartarugas marinhas estão entre as espécies mais suscetíveis a estas alterações.

O aquecimento global deveria ser benéfico para as tartarugas marinhas, pois a partir do momento que se tem mais fêmeas, o número de ninhos consequentemente aumenta, o que elevaria a taxa natural de crescimento populacional. Contudo, isso só seria viável se houvesse machos suficientes para o acasalamento e fertilização de todas as fêmeas, assim como espaço suficiente nas praias para a construção dos ninhos.

Para além da temperatura, a subida do nível das águas do mar é também uma forte preocupação visto que as águas do mar poderão vir a inundar as praias, levando á destruição dos ninhos, diminuindo a sua área de reprodução.

Assim, é notório que estes animais não se estão a adaptar às alterações climáticas como populações noutras geografias, resultando no nascimento de cada vez menos machos e pondo em risco a sua sobrevivência.

As engenheiras do ecossistema

Depois de mais de 100 milhões de anos de sobrevivência e evolução, as tartarugas marinhas continuam a desempenhar um papel importante ecológico em vários ambientes, desde as áreas costeiras a grandes profundidades oceânicas (as chamadas regiões abissais).

As tartarugas marinhas são muito importantes no ecossistema marinho, pois são animais migratórios, sendo responsáveis pela transferência de energia entre os ambientes marinhos e terrestre; são consumidores de organismos marinhos e também servem de presa para diversos animais; servem de substrato para outras espécies (carregando no casco cracas e moluscos).

São consideradas verdadeiras engenheiras do ecossistema, devido à sua influência e ação sobre os recifes de coral, bancos de algas marinhas e substratos arenosos do fundo oceânico.

Dada a sua importância no ecossistema marinho, torna-se necessária a proteção desses animais através de rápidas implementações de conservação, para assim garantir a sobrevivência destes animais e manter o equilíbrio do ambiente marinho.