Uma erupção solar poderia fazer-nos voltar à Idade da Pedra: o risco de uma tempestade solar e como nos afetaria
Uma grande ejeção do Sol poderia desencadear auroras visíveis em latitudes médias, falhas tecnológicas e apagões massivos de energia. Entenda aqui o porquê.
A nossa estrela tem dias de fúria: erupções capazes de libertar energia equivalente a milhares de bombas atómicas. Se uma destas erupções atingisse a Terra, as consequências poderiam alterar profundamente a vida moderna e a nossa dependência da tecnologia.
O que é uma ejeção de massa coronal?
Uma ejeção de massa coronal (EMC) é uma imensa bolha de gás eletricamente carregado — plasma — que o Sol ejeta da sua coroa a velocidades de milhões de quilómetros por hora.
Quando uma EMC atinge a magnetosfera da Terra, ela pode comprimir-se e gerar intensas correntes elétricas. Isto desencadeia uma tempestade geomagnética, um fenómeno natural que pode ter efeitos espetaculares e, ao mesmo tempo, perigosos.
Efeitos na Terra: auroras e caos tecnológico
O impacto de uma tempestade solar não se limita às coloridas auroras boreais e austrais. Na verdade, uma poderosa EMC pode ter sérias consequências para a infraestrutura moderna.
Partículas carregadas que colidem com a atmosfera produzem auroras visíveis mesmo em latitudes médias, mas também interferem nos sistemas de comunicação, navegação e energia.
Satélites podem sobreaquecer, apresentar mau funcionamento de instrumentos ou ter os seus painéis solares danificados. Os sinais de GPS e de comunicação ficam distorcidos ou interrompidos durante horas, afetando voos, navios e serviços de posicionamento.
Uma tempestade solar é uma explosão repentina de partículas, energia, campos magnéticos e material ejetados para o sistema solar pelo Sol.
Na Terra, o risco mais grave é para as redes elétricas. Variações no campo magnético induzem correntes em transformadores e linhas de transmissão. Se essas correntes forem suficientemente fortes, podem derreter componentes, causar apagões e deixar regiões inteiras sem energia durante dias ou até semanas.
Um evento extremo poderia comprometer as redes de internet, as telecomunicações e os sistemas de transporte, num cenário que os cientistas comparam a um possível "retrocesso tecnológico global".
Quando o Sol sacudiu a Terra: o Evento Carrington
O Evento Carrington de 1859 foi a tempestade solar mais intensa já registada. Durante este evento, auroras iluminaram os céus até ao sul de Cuba e do Chile, e as linhas telegráficas — tecnologia de ponta na época — emitiram faíscas e funcionaram mesmo sem baterias, alimentadas exclusivamente por energia geomagnética.
Se algo semelhante acontecesse hoje, com milhares de satélites em órbita e uma civilização hiperconectada, o impacto seria colossal. Alguns estudos estimam que um evento desta magnitude poderia causar prejuízos de triliões de dólares, paralisando sistemas de navegação, redes elétricas e até mesmo serviços de emergência.
Especialistas alertam que o Sol passa por ciclos de atividade a cada 11 anos, e estamos a aproximar-nos do pico do ciclo atual. Cada aumento no número de manchas solares eleva a possibilidade de que uma grande erupção solar ou ejeção de massa coronal possa impactar o nosso planeta.
Embora as agências espaciais monitorizem constantemente o Sol, ainda não existe um sistema capaz de evitar danos caso uma tempestade de alta intensidade nos atinja.
Referências da notícia
Solar Storms and Flares. 2025. NASA.
Qué son las tormentas solares, cómo afectan y cómo prepararse para la próxima. 23 de julho, 2024. Sergio Parra.