Tempo em Portugal nos dias de Natal: acentuado arrefecimento noturno, nevoeiro e outros fenómenos de risco

Após a queda de precipitação fraca em algumas regiões do país nas primeiras horas desta quarta-feira, o estado do tempo será dominado pelas altas pressões. Contudo, apesar do anticiclone, haverá alguns fenómenos de risco nos dias de Natal. Saiba aqui quais.

Uma pequena frente atlântica conseguiu perfurar o “escudo” das altas pressões nas primeiras horas da madrugada e manhã desta quarta-feira, 20 de dezembro, em Portugal continental. Já tínhamos avisado desta possibilidade há vários dias atrás, quando avançámos a nossa primeira previsão do tempo para a semana do Natal e até ao Fim de Ano.

A dita frente produziu nebulosidade e precipitação fraca em várias zonas das Regiões Norte e Centro, com destaque para o Minho e Douro Litoral.

Previsão do tempo em Portugal para os dias de Natal

Todavia, a partir de agora, as altas pressões dominarão o panorama meteorológico em Portugal continental graças a um super anticiclone posicionado sobre o Atlântico Norte e que vai exibindo valores de pressão máxima recorde para a época do ano.

Este poderoso centro de altas pressões é invulgar não só pela altura do ano em que está a surgir, como também pela duração fora do normal que parece que irá apresentar uma vez que a sua influência deverá prolongar-se quase até ao fim de 2023.

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À semelhança dos dias que antecedem a Véspera de Natal e o Natal, domingo 24 e segunda 25 de dezembro serão dias marcados por um acentuado arrefecimento noturno. Em muitas zonas de Portugal continental os termómetros irão registar temperaturas até 10 ºC abaixo da média climatológica de referência.

Com esta situação atmosférica a condicionar as condições meteorológicas na nossa geografia (do Continente), teremos pela frente dias estáveis, geralmente soalheiros e secos e, na Véspera e Dia de Natal (domingo 24 e segunda 25), tal não será exceção.

Haverá frio típico da época dezembrina e invernal durante o período diurno, mas, fruto de uma grande amplitude térmica diária, será à noite, com uma acentuada descida das temperaturas, que o frio mais se irá sentir na pele e nos nossos lares.

O acentuado arrefecimento noturno deve ser encarado como um fenómeno meteorológico adverso em casas e locais que não estejam devidamente preparados para o frio que fará à noite nestes próximos dias. As baixas temperaturas irão constituir um fator de risco para a saúde das populações mais vulneráveis (idosos, crianças, grávidas e pessoas com doenças respiratórias e cardiovasculares) e que habitem em construções mais frágeis.

Além do frio, sobretudo no período noturno e em particular nas regiões do interior, outros fenómenos de risco serão potenciados pelo tempo anticiclónico de inverno. O nevoeiro ou neblina matinal surgirá em vários pontos do país, mas, poderá ser denso e localmente persistente nas regiões do Douro, Nordeste Transmontano e Beira Alta.

Ao reduzir a visibilidade, constitui um perigo à realização de várias atividades, salientando-se a condução rodoviária como uma das que mais risco acarreta para quem circular nas estradas, algo que acontece ainda mais nestes dias festivos de Natal. Algumas geadas poderão surgir dispersas por zonas do interior Norte e Centro durante a madrugada.

Por último, a má qualidade do ar, associada à poluição atmosférica. Nestes distritos - Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Lisboa e Setúbal - todos eles situados no litoral de Portugal continental, ocorrerá uma excessiva acumulação de partículas poluentes PM 2.5, algo que pode muito bem observar-se nos nossos mapas de qualidade do ar. As altas pressões atuarão como uma tampa, impedindo a dispersão das partículas poluentes, o que deverá então resultar numa má qualidade do ar nos distritos supracitados.

Nem tudo são más notícias...! O que é o sincelo?

Mas nem tudo são más notícias quando nos referimos aos riscos associados a um tempo anticiclónico no inverno, pois existem fenómenos espetaculares e de "cortar a respiração", tais como os sincelos.

Nos últimos dias temos assistido à incrível propagação de sincelos por várias zonas do interior Norte do país, que são deslumbrantes formações de pequenas colunas de gelo suspensas e que fazem lembrar “estalactites”, formadas pela congelação da água do orvalho. Podem “escorrer” da beira de telhados ou de ramos de árvores, quando a temperatura regista valores inferiores a 0 ºC, abaixo do ponto de congelação.