Fenómenos meteorológicos adversos em Portugal por causa de um super anticiclone: porque estão no centro das atenções?

A presença de um forte anticiclone no Atlântico Norte, muito invulgar nesta época do ano, será favorável a um tempo geralmente seco, soalheiro e com nevoeiro durante o resto do ano. Eis a previsão para os próximos dias no nosso país!

nevoeiro matinal; portugal
Para estar sempre a par do nevoeiro previsto para a sua zona de residência, consulte o separador da “visibilidade” nos nossos esteticamente renovados mapas.

Há já alguns dias que o estado do tempo em Portugal continental tem sido fortemente influenciado pelas altas pressões (anticiclone), uma situação que se irá manter, sem grandes alterações, durante o resto da semana.

Trata-se de uma situação bastante excecional, muito comentada na comunidade científica por estes dias, tanto pela magnitude do anticiclone do Atlântico Norte, com valores de pressão superiores a 1050 hPa na sua parte central, como pela sua persistência neste último mês do ano, em que - de acordo com as estatísticas - costuma predominar o tempo instável e chuvoso.

Várias estações meteorológicas do Continente têm vindo a registar valores de pressão atmosférica muito elevados desde o fim de semana passado (possibilidade de terem sido atingidos recordes nalguns casos, como por exemplo em Chaves), atingindo, ou até mesmo superando, o patamar dos 1040 hPa.

O anticiclone persistirá, embora amanhã, quarta-feira (20), se preveja algum movimento atmosférico devido à passagem de uma pequena frente atlântica que deverá ser capaz de “perfurar” este poderoso “escudo” de altas pressões, produzindo alguma chuva, mais provável nas Regiões Norte e Centro, em particular no Minho e Douro Litoral.

Será fraca e dispersa, podendo chegar à Região Sul mais tarde nesse mesmo dia (20 de dezembro), de maneira irregular e apenas nalgumas zonas. O vento continuará a soprar do quadrante Norte, com intensidade moderada a forte, podendo atingir nalguns locais rajadas de até 70 km/h. De um modo geral espera-se uma subida das temperaturas, sobretudo das mínimas.

Nevoeiro e má qualidade do ar

A partir de quinta-feira (21), uma vez passada a frente, o estado do tempo voltará a ser condicionado pelo anticiclone em Portugal continental. Assim, para dia 21 de dezembro prevê-se um panorama meteorológico estável, com céu geralmente limpo, exceto no extremo Norte do país - Alto Minho e Nordeste Transmontano - onde poderá surgir alguma nebulosidade durante o dia.

Destaque também para o ambiente noturno que voltará a ficar mais frio graças à previsão de nova descida das temperaturas, sobretudo das mínimas. Em grande parte das capitais de distrito do país preveem-se mínimas iguais ou inferiores a 5 ºC, salientando-se a cidade de Bragança em que os termómetros deverão registar -2 ºC.

anticiclone; pressão atmosférica; portugal
O super anticiclone do Atlântico Norte está a atingir valores recorde na sua parte central nestes dias, com pressões que ultrapassam os 1050 hPa. Mapa da pressão à superfície e dos ventos ao nível de 850 hPa (cerca de 1500 m de altitude) para a madrugada de quinta-feira, 21 de dezembro. NOTA: mapas sofreram atualização e por isso a data aparece erradamente como quarta-feira 20.

Outro dos fenómenos que irá surgir com maior intensidade nestes próximos dias é o nevoeiro matinal que, como está a acontecer nestes dias, será especialmente denso e persistente no Nordeste Transmontano e na Beira Alta. Também aparecerá noutras zonas do país, como as áreas de montanha do Minho e do distrito de Vila Real, não se descartando que pontualmente surja no período da manhã nalgumas zonas do litoral.

Outra consequência da persistência de pressões tão elevadas será o agravamento da qualidade do ar nas grandes cidades portuguesas, a maioria delas situadas no litoral, tais como Braga, Porto, Aveiro, Coimbra e Setúbal (em particular na quinta 21, sexta 22 e sábado 23, prazo até onde é possível visualizar os dados relativos às partículas poluentes PM 2.5 nos nossos mapas de qualidade do ar).

O Natal é uma época em que os níveis de poluição atmosférica são particularmente elevados, tanto devido à elevada densidade de tráfego como ao aquecimento das habitações. As altas pressões atuarão como uma tampa, impedindo a dispersão das partículas poluentes, prevendo-se uma má qualidade do ar nas cidades supracitadas.

Prevê-se que o tempo anticiclónico, sem chuva nem neve à vista, com uma atmosfera não excessivamente fria (embora se continuem a registar geadas nalgumas zonas do país, sobretudo no interior), se prolongue até ao final do ano. Durante todo o período não se preveem grandes alterações meteorológicas. Não se exclui a possibilidade de, em meados da próxima semana, uma nova frente se aproximar da nossa geografia, mas a sua passagem e efeitos seriam transitórios. Seria um episódio semelhante ao de amanhã, quarta-feira (20).

Tendo tudo isto em conta, e com o profundo domínio deste poderoso e persistente anticiclone a dominar a situação meteorológica ao longos das próximas duas semanas, o mês de dezembro será seco em boa parte do país, especialmente nas regiões a sul do Tejo, o que acabará por contribuir para o agravamento da situação de seca em locais do Baixo Alentejo e do Algarve.

No entanto, pode ser que a médio e longo prazo (meses de janeiro e fevereiro) surjam novidades do ponto de vista meteorológico, em particular no que diz respeito à pluviosidade.