"Show" de luzes no céu: as Gemínidas estão a chegar!

Para encerrar o ano com muita luz e cor, uma das chuvas de meteoros mais intensas do calendário astronómico está a chegar: as Gemínidas. Quando, onde e como ver este espetáculo de que ainda há vários mistérios a serem descobertos.

Gemínidas
Em dezembro ocorrem as Gemínidas.

Um novo "show" estreia no painel dos astros para o mês de dezembro. As Gemínidas, uma das mais intensas e coloridas chuvas de estrelas do ano, terão lugar entre 4 e 17 de dezembro. "O seu pico será entre a noite de terça-feira 13 e a madrugada de quarta-feira 14. É uma das chuvas mais esperadas pelos observadores de estrelas", diz Javier Feu, professor de Física e Astronomia.

As Gemínidas são uma das chuvas mais intensas porque a cada hora poderemos desfrutar de cerca de 120 feixes de luz, de cor amarela, que "cairão" a grande velocidade através do céu noturno. Embora o evento seja mais visível do Hemisfério Norte, também pode ser visto relativamente bem nalgumas latitudes do Hemisfério Sul. Feu explica: "Este ano teremos uma lua em quarto minguante, o que significa que a superfície iluminada da lua estará a diminuir, o que tornará mais fácil ver o fenómeno.

Para desfrutar do "show" no seu máximo esplendor, a NASA partilha algumas dicas básicas. Em primeiro lugar, observar o fenómeno depois das 22 horas e até ao amanhecer. Além disso, a Agência recomenda ficar o mais longe possível de grandes fontes luminosas, tais como as cidades. E finalmente, deite-se de costas e espere pelo menos meia hora para que os seus olhos se ajustem à escuridão, para que possa começar a ver a chuva de estrelas. Mas o que vamos realmente ver?

Gemínidas; estrelas; chuvas de meteoros
A chuva de meteoros das Gemínidas é uma das mais intensas e coloridas do ano, muito esperada pelos amantes das estrelas.

O mistério das Gemínidas

Falando rigorosamente, isto não é chuva, nem tampouco são estrelas. Estes eventos acontecem quando o nosso planeta, na sua translação em torno do Sol, atravessa as partículas de detritos deixadas por outros corpos (na maioria das vezes cometas) ao passarem pelo nosso Sistema Solar. Quando estas partículas colidem com a nossa atmosfera, desintegram-se e criam estes feixes de fogo e cor, vulgarmente chamados "estrelas cadentes".

Mas este caso é especial. Porque ao contrário de outras chuvas de estrelas, as Gemínidas não vêm de um cometa. "As Gemínidas são a única chuva de estrelas que tem um corpo pai asteróide, ou seja, é produzida por um asteroide: o 3200 Phaethon, e isto torna tudo ainda mais surpreendente devido à quantidade de meteoroides que são libertados do corpo para produzir esta chuva", explica Feu.

"As Gemínidas são a única chuva de meteoros que tem um corpo pai asteroide, ou seja, é produzida por um asteroide: o 3200 Phaethon", explica Javier Feu.

O asteróide 3200 Phaethon é pequeno, mede apenas cerca de 5,1 km de diâmetro, e leva 1,4 anos a orbitar o Sol uma vez. Foi o primeiro asteroide descoberto por um satélite artificial, a 11 de outubro de 1983.

No entanto, há várias incógnitas que a ciência ainda não foi capaz de responder. Feu explica: "A pergunta que os cientistas fazem é: como é que as Gemínidas são produzidas? Existem quatro teorias possíveis, mas nenhuma delas é suficientemente convincente para explicar os resultados observados na intensidade desta chuva de estrelas.

Segundo a NASA, é possível que Phaethon seja um "cometa morto" ou um novo tipo de objeto que os astrónomos estão a discutir, chamado "cometa da rocha". Quando Phaethon passa perto do Sol, não desenvolve uma cauda de cometa e o seu espectro parece o de um asteroide rochoso. Apesar de toda esta informação, os cientistas ainda não estão de acordo sobre como definir Phaethon.

Devido à sua proximidade com o Sol, Phaethon tem o nome do personagem mitológico grego que conduziu a carruagem do deus do Sol Hélio. O nome Gemínidas, por outro lado, refere-se ao "ponto radiante", ou seja, o lugar no céu de onde as estrelas parecem vir. Neste caso, a constelação de Gémeos (Gemini), perto da estrela Castor.