Quadro Financeiro Plurianual 2028-2034: orçamento da PAC cai para 300 mil milhões e Portugal fica com 7,4 mil milhões
Vários ministros da Agricultura da UE apelaram esta segunda-feira, em Bruxelas, para que a Política Agrícola Comum se mantenha “independente, com dois pilares e com um orçamento adequado, para que possa cumprir os seus objetivos de segurança alimentar, ambiente e competitividade”.

No dia 16 de julho, a Comissão Europeia apresentou as linhas orientadoras do futuro Quadro Financeiro Plurianual (QFP) 2028-2034.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão, anunciou que o orçamento comunitário (UE-27) deverá atingir os dois biliões de euros destinados a pagamentos aos Estados-membros (mais 40%, face ao orçamento atual, a preços correntes), aí se incluindo o reembolso do empréstimo do fundo de recuperação “Next Generation EU”.
Também se ficou a saber que as contribuições nacionais vão subir para 1,26% do Rendimento Nacional Bruto e que o objetivo é reforçar a componente destinada à Defesa, atendendo ao novo contexto geopolítico na Europa.
A versão apresentada do QFP 2028-2034 prevê a supressão de várias rubricas orçamentais, passando de sete para quatro.

O financiamento das políticas da Agricultura e da Coesão passa a ser agrupado num único plano estratégico nacional de reformas e investimento, que também passará a ser nacionalizado, ou seja, concebido, ainda que parcialmente, por cada Estado-membro.
Orçamento da PAC vai ser reduzido
O grande problema é o envelope orçamental. O novo QFP 2028-2034 da União Europeia para a Política Agrícola Comum (PAC) deverá cair de forma significativa.
As verbas para a agricultura, pescas, mundo rural e coesão territorial somarão 865 mil milhões de euros, 48% do orçamento global da UE.
Os Ministros da Agricultura da União Europeia (UE) reúnem-se nesta segunda e terça feira, 22 e 23 de setembro, em Bruxelas, em mais um Conselho AGRIFISH presidido pela presidência dinamarquesa. E estão a debater, pela primeira vez desde a sua apresentação pela Comissão, as propostas para a PAC pós-2027.
Numa declaração tornada pública nesta segunda-feira, vários ministros da Agricultura da UE, entre os quais o ministro português, José Manuel Fernandes, apelaram a que a Política Agrícola Comum se mantenha “independente, com dois pilares e um orçamento adequado, para que possa cumprir os seus objetivos de segurança alimentar, ambiente e competitividade”.
Na passada sexta-feira, 19 de setembro, a Comissão Europeia adiantou com mais detalhe as verbas que Portugal deverá receber no próximo horizonte temporal entre 2028 e 2034.
142,5 mil milhões para as pescas
A proposta é que Portugal receba 7,4 mil milhões de euros para a Política Agrícola Comum e 142,5 mil milhões de euros para as pescas, no âmbito do novo orçamento comunitário de longo prazo.
O orçamento global comunitário para a União Europeia (UE) será de 300 mil milhões de euros para a PAC e dois mil milhões de euros para as pescas.

A Comissão propõe ainda que Portugal receba, no novo orçamento, 33,5 mil milhões de euros, incluindo para a coesão e agricultura, no âmbito do plano de parceria nacional e regional ao abrigo do novo orçamento da UE até 2034. Ainda não são conhecidas as verbas para a coesão.
Este montante enquadra-se em 865 mil milhões de euros propostos pelo executivo comunitário para investimentos e reformas nos 27 Estados-membros da UE, no âmbito dos novos 27 planos (um por país) de parceria nacionais e regionais com desembolsos mediante objetivos cumpridos.
Joaquim Miranda Sarmento, ministro português das Finanças, em declarações à agência Lusa referiu que “a negociação está muito no início”.
O atual orçamento da UE a longo prazo (2021-2027) é de 1,21 biliões de euros (a preços correntes, o que inclui cerca de 800 mil milhões de euros do Mecanismo de Recuperação e Resiliência.
Os dados conhecidos na última sexta-feira mostram que haverá uma alocação a Portuga de 33,5 mil milhões de euros (a preços correntes) para o período até 2034 e para as diversas temáticas.
Entre elas estão a política de coesão, política social, política agrícola comum, política marítima e das pescas, migração, gestão das fronteiras e a segurança interna.