Rede Nacional de Abrigos Climáticos arranca em Beja
Agência para o Clima vai iniciar com os municípios portugueses a conversão de espaços públicos em ilhas verdes que visam proteger a população de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, tempestades ou frio intenso.

À semelhança do que já acontece em cidades europeias como Paris, Londres, Antuérpia, Frankfurt ou Viena, Portugal irá arrancar em breve com uma Rede Nacional de Abrigos Climáticos, que tem como intuito proteger as populações das temperaturas extremas intensificadas pelas alterações climáticas.
O Jardim Público Gago Coutinho e Sacadura Cabral, em Beja, vai servir de modelo de boas práticas a serem seguidas pelo resto do país. A iniciativa, financiada pelo Fundo Ambiental, visa implementar soluções de adaptação climática.
O jardim público da cidade será intervencionado, com vegetação, sombreamento e estruturas para fazer baixar a temperatura em cinco graus. O projeto, que está a ser desenvolvido em várias cidades europeias, prevê a construção de zonas de descanso com maior cobertura arbórea, reforço do arvoredo, presença de água, solo não impermeabilizado e bancos de materiais não condutores de calor.

O espaço será adaptado numa lógica de ilha verde concebida especificamente para proteger a população dos impactos de determinados eventos climáticos extremos, como ondas de calor, tempestades ou frio intenso.
Espera-se que outros refúgios possam vir a ser criados, uma vez que a cidade tem vários pontos que podem vir a ser adaptados, como ruas largas arborizadas, edifícios públicos e espaços verdes.
Mapear as ilhas verdes da cidade
A Agência para o Clima, através do Fundo Ambiental, irá assinar um protocolo com a Câmara Municipal de Beja, para apoiar a concretização deste projeto por via de financiamento a atribuir em 2026.
Em primeiro lugar, serão mapeadas as estruturas urbanas, incluindo jardins, áreas verdes, infraestruturas municipais ou outros locais que possam servir de refúgios climáticos para a população.
Em segundo lugar, serão desenvolvidas intervenções que permitam adaptar os locais selecionados. Além de jardins públicos, os abrigos climáticos podem, também, ser desenvolvidos em bibliotecas, museus, centros comerciais, igrejas, miradouros, piscinas ou em locais frescos, climatizados ou com sombreamento.
O programa a nível nacional visa que cada município identifique esses locais. A seleção dependerá de vários fatores, como penetração de brisas, a existência de sombra, árvores e espaços verdes.
A estratégia nacional e os planos municipais
Em Portugal, a revisão da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC 2030) assumiu nos seus objetivos implementar medidas que integram o risco climático no planeamento urbano.
Os planos municipais de ação climática, previstos na Lei de Bases do Clima, podem inclusive incluir a criação destes espaços de forma adaptada às realidades demográfica e territorial.

O que se pretende com a criação desta Rede Nacional de Abrigos Climáticos é que cada município faça o seu próprio estudo e mapeamento de ilhas verdes, estabeleça as prioridades e o calendário dos trabalhos a realizar, envolvendo, sempre que possível, a população local nesta empreitada.
Cada cidade deverá ter uma múltipla oferta de abrigos acessíveis a todos os residentes que, depois de implementados, deverão ser amplamente divulgados através da imprensa local e redes sociais.