Organizações agrícolas da União Europeia manifestam-se em Bruxelas para defender o orçamento da PAC pós-2027
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) juntou-se à manifestação em Bruxelas e deixou um aviso: caso haja qualquer sinal de cortes na Política Agrícola Comum (PAC), os agricultores da União Europeia avançam com “manifestações".

Aconteceu nesta terça-feira, 20 de maio, em Bruxelas, a primeira reunião da Comissão Europeia dedicada ao orçamento da União Europeia (UE) para o período 2027-2034 (QFP – Quadro Financeiro Plurianual).
A Comissão tem estado a preparar uma revisão do orçamento de longo prazo da UE pós-2027 e garante que o quer tornar “mais simples, eficaz, flexível e centrado nas prioridades políticas”, nomeadamente a transição verde e a digitalização, adaptando-o, ainda, às novas realidades e desafios, incluindo o impacto da guerra na Ucrânia e da crise energética.
Para tal, a Comissão abriu um conjunto de sete consultas públicas, que decorreram até 6 de maio, com o objetivo de recolher contributos da sociedade civil, incluindo especialistas e representantes de regiões e municípios. As prioridades do Parlamento Europeu também serão tidas em conta para alimentar a proposta da Comissão, que deverá ser apresentada em julho de 2025.
“Agricultores europeus estão unidos”
Ciente das dificuldades que se aproximam com o desenho da arquitetura da nova PAC e o seu envelope financeiro, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) juntou-se à COPA – Comité Europeu das Organizações Profissionais Agrícolas e participou nesta terça-feira, 20 de maio, numa manifestação em Bruxelas.
Garantindo que o setor agrícola europeu “está atento e mobilizado”, este alerta foi particularmente dirigido à presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, para lhe mostrar que “os agricultores europeus estão unidos e determinados a lutar por um orçamento robusto para a Política Agrícola Comum e pela manutenção da sua estrutura tal como está desenhada, com os seus dois pilares e uma gestão separada dos restantes fundos da UE”.

O presidente da COPA, Massimiliano Giansanti, garante que “a questão do orçamento [da PAC] está longe de ser uma questão técnica; é uma prioridade política fundamental que determina a ambição e a coerência geral das políticas agrícolas europeias”. Sem isso, afirma Massimiliano Giansanti, “toda a estrutura pode ruir como um castelo de cartas”.
Esta mensagem foi, aliás, repetida em simultâneo em mais de 20 países da União Europeia e exibida num ecrã gigante atrás do palco montado na capital belga.
Para simbolizar a ameaça de que falava Massimiliano, foi derrubado um castelo de cartas com as palavras “Sem Orçamento, Sem PAC, Sem Agricultores, Sem Segurança”.
CAP representada por Duarte Mira
A CAP esteve representada nesta manifestação pelo seu delegado permanente em Bruxelas, Duarte Mira.
Citado em comunicado, Duarte Mira afirmou que “esta manifestação é de apoio ao Comissário da Agricultura e Alimentação, Christophe Hansen, para lhe dar força no Colégio de Comissários por forma a garantir um orçamento justo para o setor agroalimentar”.

Para este representante da CAP, “a presidente da Comissão Europeia deve cumprir as promessas feitas aos agricultores europeus durante a campanha eleitoral”. Caso contrário, Ursula von der Leyen “pode contar com protestos dos agricultores até ao final do seu mandato”.
Em Lisboa, a CAP assinalou igualmente o momento da manifestação em Bruxelas com uma concentração simbólica em frente à sua sede, à semelhança do que aconteceu em todas as confederações congéneres dos 27 Estados-membros.
No comunicado divulgado à comunicação social, a CAP “reafirma o seu compromisso em defender os interesses dos agricultores portugueses e europeus, exigindo uma PAC forte, justa e capaz de responder aos desafios do setor agroalimentar”.