Portugal puxa pela reciclagem de embalagens de plástico, alumínio e aço. Sistema de depósito com retorno avança em 2026
O Governo promete a entrada em funcionamento de 2500 máquinas e oito mil postos de recolha para a recuperação de embalagens de bebidas de uso único em garrafas de PET e latas de alumínio ou aço, até três litros.

No dia 4 de novembro, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, anunciou no Parlamento, durante a discussão a apreciação na especialidade do Orçamento do Estado para 2026, que Portugal vai aderir ao Sistema de Depósito e Reembolso (SDR) de embalagens.
O SDR está integrado no plano TERRA – Transformação Eficiente de Resíduos em Recursos Ambientais, que determina a ação governativa no domínio dos resíduos.
O processo associado ao SDR vai arrancar a 10 de Abril de 2026 e conta, para já, com 2500 máquinas e oito mil postos de recolha manual em todo o território do continente. Estão ainda previstos 50 quiosques automáticos em zonas comerciais de muita afluência.
Investimento entre 100 e 150 milhões
O investimento associado à criação do SDR está estimado entre 100 e 150 milhões de euros, incluindo já o custo das máquinas automáticas, dos pontos de recolha manual e dos centros de triagem.

Tudo se vai processar da seguinte forma: todas as garrafas e latas de bebidas passam a ser vendidas com uma taxa acrescida de depósito, cerca de 10 cêntimos por embalagem, que será, posteriormente, devolvida aos consumidores quando estes entregarem o recipiente num ponto de recolha.
Em cima da mesa está "um sistema de incentivo à devolução de embalagens de bebidas em plástico não reutilizáveis e um sistema de depósito de embalagens de bebidas em plástico, vidro, metais ferrosos e alumínio não reutilizáveis", refere a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Ministério do Ambiente lidera mudança
Por sua vez, a SDR Portugal assegura que “o cidadão-consumidor recupera integralmente o valor pago no ato da compra e contribui, de forma ativa e responsável, para o esforço nacional de recolha e reciclagem”.
Este novo sistema nacional de recolha, registo e reciclagem das embalagens é da responsabilidade do Ministério do Ambiente e envolve as grandes empresas do setor das bebidas.
As embalagens recolhidas serão enviadas para seis centros de processamento de grande capacidade e para duas unidades de triagem, em Lisboa e no Porto. Tudo com o objetivo de garantir uma reciclagem de alta qualidade e uma maior reutilização dos materiais.

Estima-se que o sistema aumente significativamente a taxa de recolha destas embalagens e gere uma poupança anual entre 20 e 40 milhões de euros em custos de limpeza urbanas, de acordo com a apresentação feita pela ministra na Assembleia da República.
Recorde-se que a diretiva (UE) 2019/904 do Parlamento Europeu e do Conselho prevê que a recolha seletiva de embalagens atinja os 77% até 2025 e 90% até 2029, com a incorporação mínima de 25% de material reciclado em garrafas de plástico PET de utilização única em 2025 e de 30% em 2030.
Risco de cumprimento de metas europeias
Contudo, os dados do primeiro semestre de 2025 do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE) revelaram um "crescimento insuficiente" na recolha seletiva de resíduos de embalagens.
A Novo Verde, entidade gestora de resíduos de embalagem, revela, em comunicado, que “embora se registe um aumento de 1,8%” das toneladas totais de resíduos de embalagens – 231 mil toneladas –, comparativamente ao período homólogo de 2024, ”o ritmo de crescimento terá de ser maior para assegurar o cumprimento das ambiciosas metas de reciclagem estabelecidas para os próximos cinco anos”.
Os Sistemas de Depósito e Reembolso operam em vários países europeus, recolhendo anualmente mais de 35 mil milhões de embalagens e envolvendo cerca de 357 milhões de habitantes. Com taxas de recolha elevadas e materiais reciclados de alta qualidade, reduzem a necessidade de novas matérias-primas, impulsionando a economia circular.