Os mares que banham a Europa estão extremamente quentes para a época do ano. Que consequências pode ter para Portugal?

Algumas áreas do Mediterrâneo estão a registar temperaturas oceânicas acima de 7 ºC relativamente ao normal. Tal aumento tem várias consequências sobre as águas europeias e, em particular, as que banham o território nacional.

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Águas dos oceanos estão com temperaturas excecionalmente elevadas comparativamente aos valores normais, excedendo em alguns pontos da Europa os 7 ºC.

O aumento da temperatura dos mares europeus levanta preocupações sobre os impactes para Portugal, alertando-se para a possibilidade de eventos climáticos extremos e consequências para a vida marinha e a economia costeira.

Os mares que banham a Europa têm vindo a apresentar temperaturas extremamente elevadas para esta época do ano, o que levanta preocupações sobre as possíveis consequências para Portugal e para territórios vizinhos, designadamente na Península Ibérica. Partes do Mediterrâneo estão, aliás, com temperaturas acima de 7 °C do normal.

O aumento da temperatura dos oceanos tem sido uma tendência global, e a situação atual requer particular atenção devido aos potenciais impactes negativos na vida marinha, no clima e na economia. E esta situação não pode, de todo, dissociar-se das alterações climáticas, pelo facto de ser necessário aumentar em 3000 vezes o calor para aquecer a água em 1 °C quando comparado com o aquecimento da água e no mediterrâneo já vai em 7 ºC acima do normal.

Eventos climático extremos e consequências em diversos setores

Os especialistas alertam que o aquecimento anormal dos mares europeus pode desencadear uma série de eventos climáticos extremos, incluindo tempestades mais intensas, ondas de calor prolongadas e períodos de seca. Estes eventos podem afetar diretamente Portugal, com inundações costeiras, danos às infraestruturas e à agricultura, além de representar uma ameaça para a segurança hídrica do país, nomeadamente no que concerne à capacidade de abastecimento humano e para a provisão de bens agrícolas.

Tal como advoga John Abraham, professor da Universidade de St. Thomas, em declarações ao The Guardian, “os oceanos dizem-nos realmente a que velocidade é que a Terra está a aquecer. Usando-os vemos que há uma taxa de aquecimento contínua, ininterrupta e acelerada do planeta Terra. Esta é uma notícia terrível”. Mais ainda, perante as condições associadas ao fenómeno de El Niño, que se tem verificado durante este ano.

Além disso, o aumento da temperatura dos oceanos pode ter graves consequências para os ecossistemas marinhos em território nacional. A perda de biodiversidade e a diminuição da pesca podem ser algumas das consequências deste aumento da temperatura, o que afeta negativamente as comunidades costeiras que dependem destes recursos.

Outra preocupação é o impacte sobre as espécies migratórias que utilizam as águas europeias como rota de migração, incluindo aves marinhas, peixes e mamíferos marinhos. As alterações nas correntes oceânicas e na disponibilidade de alimentos podem perturbar estes padrões de migração, colocando em risco a sobrevivência das espécies e prejudicando os esforços de conservação em Portugal e em toda a Europa.

O que podemos fazer mais em matéria de mitigação e adaptação?

Diante deste cenário preocupante, é crucial que sejam adotadas medidas para mitigar os efeitos do aquecimento dos oceanos. Isto inclui a redução das emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE), a implementação de estratégias de adaptação às alterações climáticas e a proteção e restauração dos ecossistemas marinhos.

Portugal, juntamente com outros países europeus, deve trabalhar em colaboração para enfrentar este desafio global, procurando soluções sustentáveis e resilientes que garantam a saúde e a qualidade das águas dos oceanos e das comunidades que deles dependem. Não é de descurar a necessidade de ações imediatas para evitar consequências ainda mais graves no futuro e proteger o ambiente para as gerações futuras.