O perigo oculto do plástico: quais são os riscos para a sua saúde de beber água de garrafas descartáveis?
Uma investigação revela que uma pessoa pode consumir cerca de cinco gramas de microplástico por semana, o que equivale a um cartão bancário.

As pequenas partículas de plástico (menores que cinco milímetros), originadas da degradação de plásticos maiores, são chamadas de microplásticos e estão presentes no ar que respiramos, nos alimentos e na água que consumimos, e grande parte delas encontra-se no oceano.
O relatório da ONU para o ambiente mostra que a poluição por plásticos é uma ameaça crescente em todos os ecossistemas, desde a origem da poluição até ao mar. Também evidencia que, embora tenhamos o conhecimento, precisamos da vontade política e da ação urgente dos governos para enfrentar esta crise crescente.
O corpo humano também é vulnerável à contaminação causada pelos resíduos plásticos nas fontes de água, o que pode causar alterações hormonais, distúrbios no desenvolvimento, anomalias reprodutivas e cancro. Os plásticos são ingeridos através dos produtos do mar, bebidas embaladas em plástico descartável e até mesmo no sal comum.
Por sua vez, associações civis como a "Desde Amigos de la Tierra" exigem medidas para evitar os efeitos do plástico sobre a saúde humana e os nossos ecossistemas. Os problemas que causam nos seres humanos vão desde o cancro, doenças cardiovasculares ou relacionadas com o sistema nervoso e reprodutivo.

A água potável das garrafas de plástico pode levar à ingestão de microplásticos, essas partículas minúsculas provêm da decomposição dos materiais plásticos, não só estão presentes no nosso ambiente, mas agora estão a encontrar o seu caminho para os nossos corpos.
A investigação realizada pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, sigla em inglês) em conjunto com a Universidade de Newcastle, Austrália, revelou que, em média, uma pessoa pode ingerir, através da água, do ar e dos alimentos, e dependendo dos hábitos de consumo, cerca de cinco gramas de plástico por semana. Uma quantidade equivalente a comer um cartão de crédito.
O relatório analisou os dados recolhidos por 52 artigos académicos publicados em revistas científicas e indica que os crustáceos, o sal, a cerveja, mas sobretudo a água potável engarrafada são alimentos e bebidas que contêm microplásticos, ou seja, partículas de plástico com menos de 5 mm.
A água também contém microplásticos
A água subterrânea, a água de superfície, a água da torneira e até a água engarrafada contêm vestígios deste material, com números a atingirem 1.769 fibras, ou partículas, por 500 mililitros.
Em relação à água engarrafada, uma das fontes consultadas para o estudo da WWF analisou 11 marcas de água compradas em 19 locais de nove países diferentes. Noventa e três por cento das 259 garrafas analisadas apresentaram algum sinal de contaminação, com uma média de 10,4 partículas microplásticas por litro de água. Acredita-se que esta contaminação provém principalmente da embalagem e/ou do processo de engarrafamento.
Outro alimento que tem sido analisado pela ciência em busca de microplásticos são os produtos do mar, especialmente os moluscos que se alimentam por filtração, que, se consumidos diariamente, contribuiriam com cerca de 0,5 gramas de microplásticos.
Investigações revelam que as garrafas de plástico expostas ao sol libertam substâncias nocivas que evaporam a baixas temperaturas. Estes compostos, que podem ser libertados pela exposição solar, podem incluir metilbenzeno, dodecanal, alcanos ou ácidos, que provêm de combustíveis, tintas ou produtos de limpeza.
O estudo indicou que beber água neste estado pode ser prejudicial para a saúde se for feito de forma consistente.
Referência da notícia
Naturaleza sin plástico: Evaluación de la Ingesta Humana de Plásticos presentes en la naturaleza. 2019. Un informe de World Wildlife Fund.