A água que bebemos está contaminada com PFAS – o que significa para a nossa saúde?

Novos estudos indicam que a água potável está a ficar cada vez mais contaminada com PFAS, algo que pode colocar em risco a nossa saúde. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!

Poluição da água.
A poluição química da água é tão importante como a poluição plástica, vísivel ao olho humano.

As substâncias perfluoroalquiladas, também conhecidas por PFAS, são um conjunto de mais de 14 000 produtos químicos produzidos pelo ser humano que são utilizados, por exemplo, em embalagens de alimentos, já que conferem ao papel e ao cartão uma certa resistência ao calor, à gordura, às manchas, para além de um alto nível de impermeabilidade.

(...) grande parte da água disponível está contaminada por PFAS que excedem o limite considerado seguro.

Para além de serem parte constituinte das embalagens dos alimentos, podem encontrar-se em vários produtos que utilizamos no dia-a-dia, como é o caso de frigideiras, roupas, cosméticos e inseticidas. É ainda constituinte de materiais específicos como é o caso da espuma de combate a incêndios. Apesar da sua utilização comum (e até relevante) estas substâncias têm uma particularidade – depois de contaminarem o ambiente, ou mesmo o corpo de um ser humano, não mais desaparecem, daí serem designadas como “químicos eternos”.

As substâncias perfluoroalquiladas (PFAS) são uma grande família de milhares de substâncias químicas sintéticas amplamente utilizadas em toda a sociedade e encontradas no ambiente.

Estes produtos químicos começaram a ser utilizados na década de 50 do séc. XX e foram uma das respostas ao rápido aumento do consumo que se verificou, principalmente nos países ocidentais. Há mais de 17 000 locais no continente europeu contaminados com PFAS, numa altura em que a União Europeia pondera banir o uso destes produtos químicos na fabricação de outros produtos.

Os PFAS no ambiente e na saúde

Está comprovado que estas substâncias químicas estão associadas à poluição ambiental e, consequentemente, à saúde dos seres humanos, contudo, ainda não se sabia bem os impactes que elevadas concentrações de PFAS teriam nos recursos hídricos disponíveis para consumo humano.

De acordo com alguns estudos, a exposição aos PFAS têm impactos na saúde, nomeadamente com efeitos na fertilidade e no desenvolvimento fetal. Pode também levar a um aumento dos riscos de obesidade ou de certos cancros (próstata, rim e testículos) e ao aumento dos níveis de colesterol.

Um novo estudo da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW, na sigla em inglês), sita em Sydney, na Austrália, avaliou os níveis de contaminação das águas superficiais e das águas subterrâneas por todo o mundo, chegando a uma conclusão relevante: grande parte da água disponível está contaminada por PFAS que excedem o limite considerado seguro. Este é um estudo pioneiro já que é a primeira vez que são analisados dados sobre a carga ambiental dos PFAS à escala mundial.

Os especialistas sugerem que as empresas que garantem o abastecimento doméstico e os comercializadores de água monitorizem de forma mais ativa e mais frequente a presença de PFAS nas águas, apesar de ainda ser relativamente controversa a associação direta dos PFAS a problemas de saúde nos humanos.

Este estudo sugere que o impacte deste tipo de químicos no ambiente pode ser bem mais grave do que se pensava, acima de tudo porque existem muitos produtos que nem sequer são monitorizados devidamente. Tanto os fabricantes de produtos que utilizam PFAS como os consumidores têm responsabilidade em usar criteriosamente este tipo de produtos no dia-a-dia, sob pena de colocarem em risco o futuro das gerações mais novas e a saúde ambiental do planeta.

Referência da notícia:

University of New South Wales. (2024, April 8). PFAS 'forever chemicals' above drinking water guidelines in global source water. ScienceDaily. Retrieved April 8, 2024 from www.sciencedaily.com/releases/2024/04/240408130619.htm