Meteorologia anormal aumentou os níveis de ozono durante confinamento

Os níveis de ozono superficial da atmosfera aumentaram na maior parte da Europa durante o confinamento sanitário, devido às altas temperaturas, à radiação solar e à baixa humidade registada durante esses meses. Saiba tudo aqui!

Camada de ozono; ozone layer; atmosfera.
Os níveis de ozono médio diário diminuíram na Península Ibérica, mas aumentaram noutros locais.

Esta é a conclusão do trabalho realizado por investigadores da Universidade Complutense de Madrid e do IGEO, do grupo de investigação STREAM, que analisaram o comportamento do ozono superficial na Europa. Para conduzir este estudo, os autores usaram dados de mais de 1.300 estações da Agência Europeia do Ambiente.

O estudo e as conclusões

Devido à forte redução das emissões de gases, dados os bloqueios provenientes do novo coronavírus, as concentrações de poluentes responsáveis pelo ozono (O3), como os dióxidos de nitrogénio (NO2), diminuíram, de igual forma. No entanto, foi verificado um aumento inesperado das concentrações de ozono em todo o continente europeu (com exceção da Península Ibérica, onde as mesmas mostraram uma diminuição).

Este aumento deve-se às condições meteorológicas favoráveis para a formação do ozono, como a humidade, a radiação solar e temperaturas elevadas. A meteorologia anómala fez com que as concentrações de ozono disparassem em abril, atingindo os valores típicos do verão.

Uma grande proporção de território, desde o Noroeste ao centro do continente europeu, experimentou aumentos de entre 10 a 22% nas estações urbanas, atingindo valores típicos do verão. A análise das concentrações esperadas de NO2 e O3 (em caso de não ter existido o confinamento) usando modelos aditivos generalizados, alimentados por dados meteorológicos de reanálise, mostra que as baixas concentrações de NO2 foram atribuídas, principalmente, às reduções das emissões, enquanto que as anomalias de O3 foram dominadas pela meteorologia.

A relevância de cada variável meteorológica depende da localização. As anomalias positivas de O3, no Noroeste e na Europa central, foram, essencialmente, associadas a temperaturas elevadas, baixa humidade absoluta e aumento da radiação solar. Esse padrão pode servir de base para estudar os limites das políticas de controlo da poluição, em cenários de alterações climáticas.

Por outro lado, a redução de O3 na Península Ibérica deve-se, principalmente, à baixa radiação solar e elevada humidade absoluta, embora a redução do vento zonal também tenha desempenhado um papel importante na proximidade da costa mediterrânica ibérica.

Este estudo indica, segundo os investigadores, de que forma as alterações climáticas podem afetar a qualidade do ar, visto que, estas advém de diversos ciclos naturais difíceis de prever e, muitas vezes, difíceis de compreender.

Contudo, tendo em conta o aquecimento progressivo do planeta, uma forte redução nas emissões pode ser necessária para manter as concentrações do ozono à superfície nos níveis atuais.