Incêndios em Portugal Continental: mantêm-se os níveis de risco muito elevados, com várias deflagrações em todo o país
Nesta quarta-feira, Portugal mantém fase crítica de incêndios rurais, com centenas de ocorrências nas regiões Norte, Centro e Alentejo. Mais de 3 000 operacionais combatem as chamas, com especial atenção aos incêndios em Arouca e no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

A onda de calor persistente e os níveis críticos de risco de incêndio rural continuam a alimentar dezenas de focos ativos em Portugal, obrigando a cortes em vias estruturantes, evacuação de populações e uma resposta reforçada por parte das autoridades.
Entre as situações mais críticas encontra-se o corte da Autoestrada 41 (A41) ao início da tarde, também conhecida como Circular Regional Exterior do Porto (CREP), entre Paços de Ferreira e Espinho, nos dois sentidos, devido à proximidade das frentes de fogo.
Incêndios em Portugal: A41 e várias estradas cortadas, mais de 3 mil operacionais no terreno
De acordo com a GNR, a interdição da A41 foi determinada ao início da tarde desta quarta-feira, numa atualização das vias cortadas por causa dos incêndios rurais. Para além desta autoestrada, mantêm-se encerrados troços da Estrada Nacional 225 (entre Alvarenga/Nespereira e Vila Viçosa – Travanca, no distrito de Aveiro) e da EN18 (entre Vila Velha de Ródão e Nisa), afetando a circulação em zonas já pressionadas por temperaturas elevadas e vento forte.
No terreno, a dimensão do esforço de combate às chamas é expressiva: mais de 3 000 operacionais das forças de segurança e socorro estão mobilizados, apoiados por centenas de viaturas e dezenas de meios aéreos. O incêndio que mais meios continua a concentrar é o de Arouca, no distrito de Aveiro, que deflagrou na segunda-feira e se propagou ao concelho vizinho de Castelo de Paiva. Só este fogo mobiliza mais de 770 bombeiros, num cenário complexo e de difícil acesso.
Outro foco de grande preocupação é o incêndio que lavra desde sábado em Ponte da Barca, no distrito de Viana do Castelo. Com progressão para o município de Terras de Bouro, já no distrito de Braga, este incêndio atinge áreas do Parque Nacional da Peneda-Gerês e mobiliza perto de 400 operacionais, estando a ser combatido em áreas montanhosas e com densa vegetação.
Durante a madrugada, foram dados como dominados os incêndios de Penamacor (Castelo Branco) e Alcanede (Santarém). Em Nisa, embora o fogo esteja tecnicamente controlado, a situação continua a preocupar as autoridades pela possibilidade de reacendimentos. Em Penamacor e Idanha-a-Nova, estima-se que tenham ardido aproximadamente 3 000 hectares, com prejuízos expressivos no setor agrícola e florestal.

A gravidade da situação levou o secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha, a afirmar que o Governo está a garantir a disponibilidade de 76 meios aéreos, embora tenha salientado que o seu contributo depende sempre das características específicas de cada fogo. Rocha apelou também à responsabilidade coletiva na prevenção de incêndios.
Neste sentido, a GNR voltou a reforçar o apelo à população para que evite comportamentos de risco, como o uso de fogo próximo de áreas florestais, a realização de queimadas ou fogueiras e a permanência em áreas onde decorrem operações de combate. Acrescenta-se ainda a recomendação para não estacionar veículos em vias utilizadas por meios de socorro, por forma a não dificultar o acesso às áreas afetadas.
IPMA alerta para manutenção das condições de risco muito elevado e autoridades reforçam apelo à prevenção
De acordo com o IPMA, grande parte do interior Norte e Centro do país está hoje em perigo máximo de incêndio rural. Esta classificação abrange sobretudo os distritos de Bragança, Vila Real, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Coimbra e Santarém. O IPMA prevê que esta situação de risco elevado se mantenha nos próximos dias, com possibilidade de agravamento em algumas áreas territoriais do Algarve.

As autoridades municipais, por seu lado, têm vindo a solicitar o reforço de meios operacionais, sobretudo nas áreas onde os incêndios ameaçam áreas habitacionais. Foram já evacuadas várias povoações por precaução e registaram-se ferimentos ligeiros em alguns bombeiros e habitantes.
A GNR recorda ainda que, de acordo com a legislação em vigor, a realização de queimadas e queimas de amontoados está expressamente proibida sempre que o nível de perigo seja ‘muito elevado’ ou ‘máximo’, sendo noutros casos sujeita a comunicação prévia ou autorização.
Com as previsões meteorológicas a apontarem para a continuação de temperaturas extremamente elevadas, baixa humidade e vento moderado a forte, o país enfrenta um dos períodos mais críticos deste verão no que respeita ao risco de incêndio. As autoridades mantêm-se em alerta máximo e pedem à população que adote comportamentos preventivos e colabore com os serviços de emergência.
O combate prossegue sem tréguas, com milhares de profissionais a garantirem a proteção de vidas humanas, património e ecossistemas ameaçados pelas chamas. A situação permanece em evolução, exigindo vigilância apertada nas próximas 48 horas.