Vento e onda de calor dificultam o combate aos fogos rurais. Os dias que se seguem não vão ser melhores

O incêndio em Arouca é o que há mais tempo está ativo e o que mais preocupa as autoridades. Todas as regiões de Portugal Continental estão em perigo máximo ou muito elevado de fogo rural.

Bombeiros combatem incêndio rural
Mais de três mil bombeiros estão esta terça-feira no terreno a combater cerca de 60 fogos rurais ativos. Foto: Pixabay

As temperaturas elevadas e o vento forte que se fazem sentir por estes dias não trazem descanso aos operacionais da Proteção Civil, que estão, esta terça-feira, por todo o território continental a combater mais 60 fogos rurais ativos.

Desde as primeiras horas desta manhã, até ao início da tarde, mais de 3500 bombeiros apoiados por 1073 meios terrestres e 37 meios aéreos foram convocados para terreno, segundo os dados da Autoridade Nacional de Proteção Civil,

A maioria dos recursos está concentrada em cinco grandes incêndios, que, até às 15h30, mobilizavam mais de 1600 operacionais, cerca de 600 viaturas e 18 meios aéreos.

Os fogos rurais em Arouca, Ponte da Barca, Penamacor, Ponte de Lima e Mangualde, por serem muitos distantes uns dos outros, obrigaram a uma dispersão dos meios, dificultando ainda mais o trabalho dos bombeiros no teatro de operações.

Alerta máximo até domingo

As temperaturas elevadas e o vento já faziam antecipar mais um dia difícil no combate aos incêndios rurais. A onda de calor que afeta o país desde a passada quinta-feira, 24 de julho, irá prolongar-se até pelo menos 3 de agosto, de acordo com as previsões da Meteored.

A conjugação destes fatores levou, aliás, o presidente da Liga dos Bombeiros, António Nunes, a prever, que os fogos dispersos pelo Norte e Centro do País, “deverão ficar ativos por mais algum tempo”, admitiu durante uma entrevista concedida na noite de ontem à SIC Notícias.

Horas difíceis em Arouca, Penamacor e Ponte da Barca

A situação mais complicada, nas últimas horas, viveu-se em Arouca, no distrito de Aveiro, onde as chamas chegaram ao final da tarde de ontem a Castelo de Paiva, deixando várias habitações em risco e ainda sem água e eletricidade.

A Proteção Civil, com o apoio da GNR, viu-se obrigada a retirar as populações de Vilar de Eirigo e do Seixo, não havendo até ao momento conhecimento de casas nem vítimas atingidas pelo fogo.

Mapas com a previsão de risco de incêndio florestal
A maioria dos concelhos nas regiões Norte, Centro e Sul apresenta risco máximo ou muito elevado de incêndio nos próximos dias.

Em Penamacor, no distrito de Castelo Branco, o incêndio aproximou-se também de duas povoações localizadas na freguesia de Aranhas, onde o fogo começou durante a tarde de segunda-feira.

As chamas progrediram rapidamente, ao início da noite de ontem, entre a Aldeia do Bispo e a Aldeia de João Pires, levando a Proteção Civil a redefinir toda a operação para fazer a defesa perimétrica das duas povoações e salvaguardar os bens e as habitações. O fogo, entretanto, entrou em fase de rescaldo por volta das 13:00 desta terça-feira.

Mas é o incêndio em Ponte da Barca, no Alto Minho, que há mais tempo está ativo e que já levou mais de 400 bombeiros e sete meios aéreos para o terreno. O alerta foi dado durante a noite de sábado, às 21:47, chegando o fogo a aproximar-se da aldeia de Ermida e forçando a população a refugiar-se na Igreja.

Esta manhã, todavia, as chamas evoluíram favoravelmente, restando agora uma única frente ativa que a Proteção Civil esperava poder controlar ainda esta tarde. Os habitantes de Ermida, entretanto, regressaram durante a noite a casa, não havendo também vítimas e danos a registar.

Novos combates no Centro e Alentejo

Ao longo desta terça-feira, mais de três dezenas de novos fogos deflagraram, sobretudo nas regiões do Centro e do Alentejo. Boa parte destas ocorrências puseram os bombeiros em alerta máximo pelo risco de atingirem povoações próximas.

É o caso do incêndio, que começou pouco depois do meio-dia em Nisa, no Alto Alentejo, mobilizando, até às 15:30, sete meios aéreos e 151 operacionais apoiados por 35 viaturas. Devido à proximidade das chamas, a aldeia de Vinagra foi parcialmente evacuada por precaução.

Fogos rurais
Mais de três dezenas de fogos deflagraram esta terça-feira por todo o país, afetando principalmente as regiões do Centro e do Alentejo. Foto: Pixabay

Pombal, no distrito de Leiria, contava à essa mesma hora, com dois meios aéreos, para combater um fogo que se aproximou da A1, enquanto as chamas em ílhavo, na região de Aveiro, deixaram a população de Moitinhos, em São Salvador, durante toda a manhã em estado de vigília permanente.

Até às 15h30, o Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais indicava cinco grandes ocorrências ativas em Portugal Continental:

ConcelhoFreguesia(s)RegiãoAlertaNaturezaBombeirosViaturasMeios aéreos
AroucaCanelas e EspiuncaNorte17:16 de 28/07/2025Povoamento florestal6842284
Ponte da BarcaLindosoNorte21:47 de 26/07/2025Mato4081331
PenamacorAranhasCentro16:36 de 28/07/2025Mato4161294
Ponte de LimaRebordões (Santa Maria)Norte22:47 de 28/07/2025Mato146430
MangualdeFornos de Maceira Dão TabosaCentro1:19 de 29/07Mato76240

As condições meteorológicas desfavoráveis levaram as autoridades a colocar nesta terça-feira quase todos os concelhos das regiões Norte, Centro e do Algarve em perigo máximo ou muito elevado de incêndio rural. Nos dias que se seguem, a situação manter-se-á, aliás, sem grandes alterações, segundo o portal público do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais.