Glaciar nos Alpes tingido de rosa, o que aconteceu?

Foi registado fenómeno único naquela cordilheira: um dos muito glaciares do Alpes adquiriu uma tonalidade cor-de-rosa. Este fenómeno está a merecer toda a atenção da comunidade científica. Fique a saber tudo, connosco!

Glaciar na Gronelândia
Cientistas estudam o mesmo fenómeno, numa área onde é relativamente comum.

A comunidade cientifica irrompeu em alarme, quando o cientista italiano Biagio Di Mauro, do Centro Nacional de Investigação, divulgou algumas imagens de um glaciar, nos Alpes italianos, tingido de cor-de-rosa. O referido cientista indicou que a origem deste fenómeno não é clara e que está a gerar alguma discussão no meio cientifico, contudo é um fenómeno que tem sido comum nos últimos meses. Tudo aponta para que este bizarro fenómeno esteja relacionado com as alterações climáticas.

Alguns cientistas acreditam que (...) a atividade humana é responsável por danos irreversíveis nos ecossistemas glaciários.

O glaciar em causa, denomina-se Glaciar de Presena, localiza-se na porção italiana da cordilheira montanhosa dos Alpes, na região de Trentino, a cerca de 600 Km a Norte da capital, Roma. A cordilheira dos Alpes é a mais alta e mais extensa da Europa, estendendo-se desde a Eslovénia, a Hungria e a Áustria a Leste, até ao Norte da Itália, à Suíça, ao Liechtenstein, ao Sul da Alemanha e ao Sudoeste de França.

Os primeiros estudos indicam que a tonalidade rosa adquirida pelo glaciar poderá estar associada a uma de duas algas: Ancylonema nordenskioeldii ou Ancylonema nivalis, ambas são presença comum nos ambientes de altitude, durante a primavera e o verão, em latitudes intermédias, bem como nos pólos. A primeira espécie já foi identificada num glaciar nos Alpes suíços, junto à fronteira italiana (Glaciar Mortratsch), bem como em certas áreas da Gronelândia. A segunda espécie é uma alga da neve, diferente de uma alga típica de um glaciar. Curiosamente, estas espécies afloram em áreas glaciares que derreteram significativamente nos últimos anos.


O principal problema relacionado com o aparecimento destas algas é a drástica mudança no albedo da superfície. O conceito de albedo consiste na relação entre a quantidade de energia solar refletida por uma determinada superfície e a quantidade de energia solar recebida por essa mesma superfície. Normalmente, o gelo reflete para a atmosfera cerca de 80% a 85% da radiação solar recebida. No entanto, o aparecimento destas algas altera o albedo de uma superfície gelada, favorecendo a absorção da radiação solar que vai provocar um aumento da temperatura à superfície e o consequente degelo glaciar.

De uma forma geral, a razão apontada para o aparecimento destas algas em áreas cada vez mais diversas justifica-se com as alterações climáticas. Contudo, é possível quantificar com mais precisão o efeito do homem neste processo, já que se acredita que a atividade turística associada aos Alpes (seja na forma de caminhadas ou dos desportos de inverno) tem contribuído para a deterioração dos glaciares. Alguns cientistas acreditam que apesar da redução de emissões de gases com efeitos de estufa durante o período de confinamento, a atividade humana é responsável por danos irreversíveis nos ecossistemas glaciários.