COVID-19 levou à redução da poluição atmosférica na China e em Itália

As imagens de satélite têm mostrado uma forte redução nos níveis de poluição em algumas regiões do globo, designadamente na China e na Itália. Mais detalhes aqui!

Planeta Terra e satélite
Dados obtidos por alguns satélites permitem monitorizar a poluição atmosférica no nosso planeta.

Dada a crescente importância e necessidade da monitorização contínua da qualidade do ar, existem missões no âmbito do Programa Copernicus para fornecer informações sobre a qualidade do ar, ozono estratosférico e radiação solar, bem como a monitorização climática.

Programa Copernicus

O Copernicus é o programa de observação da Terra da União Europeia coordenado e gerido pela Comissão Europeia em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA), os Estados-Membros da UE e as agências da EU.

O satélite Sentinel-5 faz parte do programa Copernicus dedicado a monitorizar a nossa atmosfera. O instrumento Tropomi, instalado no satélite, destina-se a mapear uma infinidade de gases tais como o dióxido de azoto, ozono, dióxido de enxofre, metano, monóxido de carbono e aerossóis. Todos estes gases afetam o ar que respiramos e, portanto, a nossa saúde e o nosso clima.

Foi através dos dados do instrumento Tropomi que foi possível verificar o declínio da poluição do ar, especificamente as emissões de dióxido de azoto (NO2), sobre a China e Itália entre janeiro e março.

De acordo com o Diretor de Programas de Observação da Terra da ESA, Josef Aschbacher, o Copernicus Sentinel-5P Tropomi é atualmente o instrumento mais preciso que mede a poluição do ar no espaço. Essas medições, disponíveis globalmente graças à política de dados gratuitos e abertos, fornecem informações cruciais para os cidadãos e decisores políticos.

Implicações do COVID-19

A doença de coronavírus (COVID-19) foi recentemente declarada uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde e já provocou milhares de mortes em todo o mundo, sendo a Europa a região atual do mundo a que está mais afetada, com situação mais gravosa em Itália, enquanto que na China a situação já está a melhorar.

Numa tentativa de reduzir a propagação da doença, à semelhança de outros governos, o primeiro-ministro de Itália, anunciou um bloqueio de todo o país, fechando escolas, restaurantes, bares, museus e outros locais em todo o país, verificando-se no Norte uma diminuição de tráfego e uma diminuição significativa da atividade industrial, muito concentrada no norte de Itália.

Atendendo ao período prolongado destas medidas a poluição atmosférica tem diminuído, e os dados do satélite Sentinel-5 permitem verificar que essa diminuição é mais significativa no norte de Itália e na China, coincidindo com os bloqueios ocorridos para impedir a propagação do coronavírus. Na China, as imagens de satélite divulgadas pela NASA e pela Agência Espacial Europeia (ESA) recolhidas entre janeiro e fevereiro, mostravam uma redução drástica nas maiores cidades chinesas das emissões de dióxido de azoto (NO2) que é libertado sobretudo por veículos e por fábricas.

O mesmo padrão de diminuição surge também quando se analisam os níveis de dióxido de carbono (CO2), que resulta da incineração de combustíveis fósseis, nomeadamente o carvão. Um dos elementos que ajudou à redução dos níveis de poluição foi também a queda das emissões devido à redução dos voos domésticos na China.

Em relação a Itália, Claus Zehner, coordenador da missão Copernicus Sentinel-5P da ESA, comenta: “O declínio nas emissões de dióxido de azoto sobre o vale do Pó no norte da Itália é particularmente evidente. Embora possa haver pequenas variações nos dados devido à cobertura de nuvens e às mudanças climáticas, estamos muito confiantes de que a redução nas emissões que podemos ver coincide com o bloqueio na Itália, que causa menos tráfego e menos atividades industriais".