Chegou a hora da despedida: até sempre cacilheiros do Tejo!
Os ferries que fazem a ligação entre Almada e Lisboa começaram a ser substituídos por embarcações elétricas. Ainda antes do adeus, conheça a história dos barcos que marcaram a identidade destas duas cidades.

Há imagens que são icónicas em Lisboa: O elétrico 28 a subir e a descer as ruas estreitas de Alfama, a Torre de Belém, nas margens do rio, ou o Castelo de São Jorge na colina mais alta da cidade.
E também o cacilheiro, obviamente, a unir as duas margens do Tejo. Há quase cinco décadas que os ferries laranjas levam e trazem milhões de passageiros todos os anos, entre Cacilhas, em Almada, e Cais do Sodré, em Lisboa.
A travessia entre Cacilhas e Cais do Sodré iniciou um novo capítulo na história dos transportes fluviais. As emblemáticas embarcações laranjas e brancas começaram agora ser substituídas por modernos navios elétricos. Na era da transição energética, o fim dos cacilheiros seria, mais tarde ou mais cedo, inevitável.
Mais velocidade, mais espaço e mais ecológicas
Os novos barcos, movidos a eletricidade, são mais ecológicos, silenciosos e rápidos, podendo atingir 30 km/hora. São também mais espaçosos, com capacidade para 540 passageiros e 20 bicicleta, e estão equipados com ar condicionado, tomadas elétricas e casas de banho.
Resta saber agora o que acontecerá com os velhos cacilheiros. A Transtejo ainda não confirmou o destino final das embarcações, algumas das quais com mais de 30 anos de serviço.

Os velhos cacilheiros poderão, em última instância, seguir para abate, mas, se houver interessados, podem até reaproveitados para outros fins, como já aconteceu com o Rio Tejo Segundo, convertido em restaurante flutuante na Baía do Seixal.
Cinco décadas de travessias no Tejo
Para contar a história dos cacilheiros, é preciso recordar que, no passado, já fizeram as ligações com todos os cais da margem sul do rio, partindo do Seixal, Montijo, Barreiro, Trafaria e Porto Brandão. Ao longo da década de 1990, os ferries laranjas foram sendo gradualmente substituídos pelos modernos catamarãs.
A travessia dos cacilheiros começa, aliás, em 1977 quando a Transtejo/Soflusa inicia o processo de modernização da frota, encomendando a construção de 12 embarcações com capacidade para 500 passageiros aos estaleiros de São Jacinto, em Aveiro, de Foznave, na Figueira da Foz e de Argibay, em Alverca, os grandes construtores navais das décadas de 1980 e 1990.
O ano de 1980 marca a entrega do navio da classe "Cacilhense", o primeiro de uma nova geração de oito ferries. Mas o “cacilheiro” é o nome que se colou à identidade das embarcações do Tejo desde a década de 1930, quando o Cais de Cacilhas, em Almada, passou por grandes obras de ampliação.
Até à construção da Ponte 25 de Abril, os barcos aliás, foram a única ligação entre as duas margens do rio. No dia da sua inauguração, a 6 de agosto de 1966, muitos pensaram que as embarcações do Tejo iriam sofrer o rude golpe do progresso.

Mas os ferries resistiram até aos dias de hoje, modernizando o seu design e tecnologia. O tempo dos cacilheiros pode até ter chegado ao fim, mas irá certamente permanecer na memória dos portugueses e dos turistas por muito mais décadas.
Referências da notícia
Um novo ciclo no Tejo: operação elétrica inicia em Cacilhas – Transtejo e Soflusa
Um pouco de história – Transtejo e Soflusa