Esta casa portuguesa é como um girassol que roda até 180º em busca de energia

Vai nascer um edifício futurista em Lisboa, que usa painéis fotovoltaicos, engrenagens rotativas e inteligência artificial para criar uma alameda eco-digital com cinema ao ar livre, parque sensorial ou exposições multimédia.

Casa giratória
Uma casa giratória que assegura conforto térmico em todas as estações do ano é o conceito-chave da tecnologia desenvolvida pelo spinoff da Universidade do Porto. Foto: casaemmovimento.com

Uma casa que se move em torno do Sol? Não, não é um conto de fadas, mas um projeto futurista que está a nascer em Lisboa.

Os edifícios, por regra, têm as suas fundações enterradas no solo. Não é o caso da Casa em Movimento, que até meados de novembro, será construída na freguesia de Benfica.

De cada vez que o Sol mudar de direção, a habitação, mimetizando o movimento do girassol, vai no seu encalce, em busca de uma fonte de calor. Durante o verão, todavia, os dias escaldantes podem ser um suplício. Esta casa poderá, então, mudar a sua trajetória e rodar justamente até onde a sombra permite respirar sem que transpirar.

Os edifícios da Casa em Movimento rodam até 180º. As suas coberturas fotovoltaicas inclinam até 90º, criando sombras nas janelas durante o verão ou expondo-as ao sol, no inverno. Todas as estruturas móveis são controladas através de smartphones ou de outros dispositivos.

Assim é esta moradia criada pela Casas em Movimento, um spinoff da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. O edifício produz mais energia do que consome e pode adaptar-se a qualquer cidade. Durante os próximos 14 anos, porém, ficará na Alameda Álvaro Proença, em Lisboa.

Uma alameda eco-digital em Benfica

Depois de Matosinhos, onde outra casa em movimento foi em instalada, em 2021, no cruzamento das ruas de Goa e Alfredo Cunha, é a capital do país que irá receber a segunda instalação. A obra irá arrancar em breve, de acordo com a Junta de Freguesia de Benfica, transformando a artéria numa alameda eco-digital.

A casa do futuro estará devidamente equipada para acolher exposições multimédia a céu aberto, cinema ao livre, jardins sensoriais, entre outras atividades.

Uma estrutura rotativa e cinética é a engrenagem por detrás do seu mecanismo. Projetada para aproveitar ao máximo a exposição solar ao longo do dia, a habitação não só produz energia, como proporciona conforto térmico aos visitantes.

Os sistemas internos são regulados por inteligência artificial (IA), que asseguram a eficiência e a autonomia energética do imóvel, com capacidade para gerar 16 KWh por ano.

As casas em movimento são modelares e adaptam-se ao local onde são instaladas. Podem ser construídas em granito, xisto, madeira ou taipa. O único material que não varia são os painéis fotovoltaicos, essenciais para a produção de energia e autossuficiência do edifício.

A rotação da casa pode ser decidida tanto por humanos como por IA, que, com o tempo, irá aprender a tomar decisões com base no histórico de utilizações.

Produzindo mais energia do que precisa, o edifício usará o excedente para alimentar 12 painéis interativos (mupis digitais) que serão montados no exterior, com informações sobre a cidade, agenda cultural, promoção do património do bairro ou demonstrações de arte nas suas variadas expressões.

Um jardim sensorial na Terra do Nunca

Os projetos digitais vão estar envolvidos numa área verde – um jardim e uma minifloresta – que, mais tarde, no decurso do próximo ano, irão receber um parque infantil sensorial a funcionar acima do nível do chão.

Porojeto Casa em Movimento de Lisboa
O edifício da Casa em Movimento ficará durante 14 anos na freguesia de Benfica, em Lisboa. Imagem: casaemovimento.com

Procurando recriar um ambiente semelhante à Terra do Nunca, das aventuras de Peter Pan, as crianças poderão explorar um espaço interativo que mistura natureza com projeções digitais.

Novas formas de construção

A Casa em Movimento foi fundada pelo investigador Manuel Vieira Lopes, em 2010, depois de vários anos de investigação que decorreram na Universidade do Porto.

A empresa foi constituída com o intuito de desenvolver tecnologias para uma “casa viva”, que funcione como um laboratório destinado à experimentação de novas formas de habitar.

Casa em Movimento de Matosinhos
A primeira Casa em Movimento foi construída em Matosinhos. Foto: casaemmovimento.com

A tecnologia encontra-se patenteada em 77 países, incluindo Estados Unidos, China, Nova Zelândia ou México, tendo sido distinguida com vários galardões, como o Prémio Nacional Indústrias Criativas, o Green Project Awards, da Agência Portuguesa do Ambiente, ou o CLIMATE-KIC, do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia.

Referência da notícia

Casas em Movimento – Arch in Motion