Açores sobe o nível de alerta no sistema vulcânico: o que significa isso e o que fazer diante de uma ameaça?

Embora sem sinais imediatos de erupção no sistema fissural do Oeste, na ilha Terceira, a atividade sísmica poderá intensificar-se. O evento é um bom pretexto para conhecer as medidas de prevenção que devemos adotar.

IlhaTerceira
Devido à instabilidade e à atividade sísmica moderada, as autoridades elevaram o nível de alerta no sistema vulcânico da ilha Terceira. Imagem: FocusAG, own work, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

O nível de alerta no sistema vulcânico fissural do Oeste, da ilha Terceira, nos Açores, foi elevado de V1 para V2. A decisão foi anunciada no domingo pelo Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR) após a reunião ordinária do seu gabinete de crise sobre a atividade sismovulcânica de setembro.

A medida teve por base a avaliação dos recentes dados de deformação crustal, que indicam uma fase de instabilidade. O nível V2 - numa escala de um a sete - corresponde a um sistema vulcânico com atividade moderada e “claramente acima” dos níveis de referência, podendo ter origem tectónica, hidrotermal e/ou magmática.

O arquipélago dos Açores é constituído por 26 sistemas vulcânicos ativos, oito dos quais submarinos, e é formado por quase dois mil vulcões, se forem tidos em conta os pequenos cones e as áreas de vulcanismo fissural.

De acordo com as informações divulgadas no website do Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), o aviso significa que, a qualquer momento, a atividade sísmica pode intensificar-se.

Estado de atividade dos sistemas vulcânicos

Embora menos provável, é possível ainda, neste nível de alerta, vir a ocorrer uma alteração do padrão de emissão de gases e ainda fluxos de lama e detritos vulcânicos com algum grau destrutivo.

escala do sistema de alerta vulcânico
A escala do sistema de alerta vulcânico vai de V1 a V7 e destina-se a ajustar os planos de emergência ativados pela Proteção Civil. Imagem: canva.com

Por oposição, o alerta V1, que se encontrava em vigor desde junho de 2023, indicava apenas “atividade fraca, ligeiramente acima dos níveis de referência”. Nessa altura, a tomada de decisão esteve suportada nos índices de atividade registados desde o verão de 2022 no vulcão de Santa Bárbara, localizado na Terceira.

O alerta V2 no vulcão de Santa Bárbara, aliás, mantém no nível V2, onde a atividade sísmica continua superior aos padrões normais, apesar de apresentar uma baixa magnitude.

O Vulcão de Santa Bárbara, na Terceira, é poligenético, o que significa que teve múltiplos ciclos eruptivos, evoluindo de um vulcanismo basáltico para um vulcanismo mais ácido, com formação de domos e lavas traquíticas.

Segundo o mais recente relatório do gabinete de crise do IVAR, setembro foi o mês em que se registou a maior atividade sísmica de 2025, incluindo um de magnitude 3,1 na escala de Richter, sentido no setor oeste da ilha com intensidade máxima de V na escala de Mercalli Modificada.

Apesar da instabilidade sísmica e da deformação crustal observada, os especialistas do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos asseguram que não foram detetadas anomalias nos gases vulcânicos, revelando não haver, portanto, sinais imediatos de erupção.

O IVAR, por outro lado, mantém o nível de alerta V1 na ilha de São Jorge, onde a atividade sísmica, especialmente na zona dos Rosais, permanece “ligeiramente acima dos níveis de referência”.

Para que servem os níveis de alerta?

Tal como os avisos meteorológicos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, os níveis de alerta do sistema vulcânico são lançados com o intuito de informar a Proteção Civil sobre as medidas a adotar para proteger a população. Consoante a gravidade do alerta, esta é a entidade que ativa os planos de emergência.

Medidas de autoproteção antes e durante erupções vulcânicas
Assumir uma atitude preventiva é a melhor forma de estar preparado diante de desastres naturais. Imagem: canva.com

As precauções tanto podem incluir a mobilização de recursos como a definição de ações de carácter excecional, que vão do controlo da circulação de pessoas e veículos em áreas de risco, à racionalização dos serviços públicos, passando pela preparação dos habitantes para a necessidade de evacuar zonas residenciais.

Estar preparado, aliás, será sempre a melhor forma de minimizar os impactos em qualquer cenário de catástrofe natural. As autoridades aconselham, por isso, assumir uma atitude prevenção no dia a dia, com kits de emergência antecipadamente organizados, participação em simulacros e conhecimento prévio das medidas e comportamentos a adotar diante de eventos climáticos extremos ou fenómenos naturais potencialmente destruidores.

Referências da notícia

Gabinete de Crise reuniu-se para avaliação da atividade sismovulcânica em setembro - Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA)

Vulcão de Santa Bárbara, ilha Terceira - Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA)

Riscos Naturais e Erupções – Proteção civil e Bombeiros dos Açores