Uma tempestade ‘rara’ ameaça em deixar semana instável e chuvosa

Nos próximos dias teremos de estar de olho na tempestade atlântica que apresentará alguns traços peculiares para a altura do ano em que estamos. O que vai acontecer? Fique a saber mais connosco!

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O verão astronómico despede-se de Portugal com céu nublado, chuva e possivelmente trovoada.

Após um fim de semana muito quente, com prevalência de temperaturas máximas acima do habitual para um mês de setembro, arranca uma nova semana em que a situação meteorológica em Portugal estará condicionada por uma tempestade fora do comum.

Um processo de ciclogénese pouco habitual nesta altura do ano

Ao longo das próximas horas, um cavado vai descolar-se do jato polar até ao norte dos Açores. Ao mesmo tempo, à superfície gerar-se-á um processo de ciclogénese significativo (sem chegar a ser explosiva). Com isto queremos realçar o seu rápido aprofundamento.

Nos últimos dias desta semana prevê-se o período mais crítico gerado pela tempestade fria isolada em altitude, com aguaceiros que poderão ser localmente fortes e acompanhados de trovoada

Estamos assim perante uma tempestade fria isolada em altitude. Poder-se-ia dizer que é uma variante da gota fria clássica, dado que o processo de formação é exatamente o mesmo, apesar de no caso das tempestades frias isoladas em altitude, o reflexo em superfície ser mais evidente. Ainda assim, se as previsões se cumprirem, esta tempestade será bastante peculiar.

E porque é que é tão invulgar? Em primeiro lugar, estes processos de rápido aprofundamento de um centro de baixa pressão no Atlântico são mais comuns nas nossas latitudes nos meses de inverno. Por outro lado, porque durante este processo a tempestade fria isolada poderá ganhar no seu núcleo uma frente oclusa devido à possível entrada de uma língua de ar quente nas camadas baixas da atmosfera. Adquiriria assim características tropicais ou subtropicais.

A chuva cairá em quase todo o país

Como se isola do jato polar, torna-se muito complicado prever a trajetória da tempestade fria isolada em altitude. Segundo o nosso modelo de maior confiança (ECMWF), ao longo dos próximos dias, ir-se-á aproximando de nós através do litoral Oeste, deslocando-se posteriormente para o interior e para o Norte do país. Também abrangerá pontos do Alentejo e do Algarve.

As temperaturas vão baixar gradualmente em praticamente todo o país ao longo da semana. Depois da chuva desta segunda-feira em alguns pontos do interior norte e centro da nossa geografia, a instabilidade dará tréguas na terça e quarta-feira, gerando apenas alguns chuviscos e nebulosidade.

Mais tarde, prevê-se várias vagas de precipitação sobretudo nos dias de quinta-feira (17), sexta-feira (18) e sábado (19), com aguaceiros que poderão ser localmente fortes e acompanhados de trovoada. A tempestade incidirá especialmente nas terras altas do Norte e do Centro em áreas de montanha, ou mais deprimidas (vales), nas regiões da Beira Interior e de Trás-os-Montes, mas também em várias terras do litoral, no Minho, Douro Litoral e Beira Litoral, estendendo-se mais tarde a Lisboa e Vale do Tejo, deixando uma grande porção do território português afetado pela instabilidade meteorológica.

Quanto ao vento, vai soprar moderado, por vezes forte, geralmente do quadrante Oeste ou Sul. No final desta semana, ou início da próxima, a tempestade tenderá a perder força, dissipando-se. Também os territórios insulares serão alvo de precipitação, com possível trovoada, com nortadas fortes nos Açores e vento Oeste moderado a forte na Madeira.