Tempo para o Natal em Portugal: com ábregos e chuva forte, ou mais calmo?

Após uma semana que está a ser imensamente chuvosa, a atenção começa a centrar-se nas festas do Natal e do Ano Novo. A chuva e a circulação de depressões terminarão em breve em Portugal, contudo as tréguas poderão ser temporárias. Consulte a previsão!

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As primeiras tendências da previsão do tempo para o Natal sugerem uma semana percorrida por água. Quando e em que regiões de Portugal poderá chover mais?

Para o que resta da semana, Portugal continental continuará exposto à passagem da depressão Efraín, que foi deixando, nas últimas 48 horas, chuva forte e persistente e inundações em vários regiões do país, sobretudo no Centro e no Sul, com particular destaque para a Grande Lisboa e para o Alto Alentejo (Portalegre).

À medida que for atravessando a Península Ibérica, de sudoeste para nordeste, o sistema meteorológico perderá intensidade de forma gradual. Com isto em perspetiva, espera-se mais uns quantos dias chuvosos, repletos de nebulosidade de norte a sul de Portugal continental. Mas, o que virá depois?

Na próxima semana já é o Natal! Irá chover em Portugal?

As previsões dos mapas de tendência meteorológica à nossa disposição, sugerem, de momento, que a próxima semana (19-25 dezembro 2022) será marcada por um poderoso anticiclone em crista na Europa. O aparecimento deste centro de altas pressões abrangerá uma boa parte do continente Europeu, colocando um fim ao “comboio de depressões” em latitudes mais a sul.

Exceto em Portugal continental, Galiza e alguns pontos das comunidades mais ocidentais de Espanha, onde a anomalia de precipitação se prevê, novamente, positiva! E o que significa isto? Que a próxima semana voltará a ser chuvosa, apesar de possivelmente menos intensa. Os primeiros dias (19 e 20) deverão ser chuvosos, sobretudo no Noroeste de Portugal, graças à possível chegada de alguma frente atlântica. Mas quanto aos restantes, entre 21 e 25, a incerteza na previsão aumenta consideravelmente devido à distância temporal.

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Tudo indica que na semana do Natal o nosso país volte a registar precipitação de norte a sul.

Entre o solstício de inverno (21) e o dia de Natal (25), quarta-feira e domingo respetivamente, o modelo determinista insiste num período de maior estabilidade o que, em teoria, favorece a presença de céu pouco nublado, ausência generalizada de chuva e um maior contraste de temperatura diária e noturna, com a possível formação de geada em várias áreas do interior de Portugal.

Perante este cenário de incerteza, o modelo Europeu (que contêm os mapas da nossa maior confiança) não consegue definir com clareza que o dito anticiclone em crista seja assim tão duradouro, pelo que, a qualquer instante a previsão de chuva para o período compreendido entre o solstício invernal (21) e o Natal (25) pode surgir durante as próximas atualizações. E quanto a isso, já sabe, mantenha-se sempre atualizado e informado connosco quanto ao estado do tempo em Portugal continental, Açores e Madeira.

E o frio de inverno, irá finalmente instalar-se no nosso país?

No que diz respeito à temperatura prevê-se uma ligeira descida da mesma, uma vez que Portugal e Espanha deixarão de estar tão sujeitos ao envolvimento do ar de origem subtropical, como durante a atual semana. Ainda assim, espera-se que os valores térmicos se revelem mais elevados do que o normal para a época do ano de norte a sul do país.

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A temperatura continuará a registar valores demasiado elevados para a época do ano.

A anomalia térmica será, portanto, positiva, entre 2 ºC e 3 ºC acima do normal, sendo entre 3 ºC e 4 º acima do normal em pontos do Nordeste Transmontano e da Beira Alta. Tudo indica assim que o frio tipicamente de inverno também não irá chegar na semana do Natal.

Apesar das atuais previsões, Natal e Véspera de Ano Novo poderiam registar circulação atlântica

Apesar de ainda ser precoce saber o estado do tempo vigente no Natal ou nas datas próximas à Véspera de Ano Novo, um dos cenários que o modelo Europeu considera como o mais provável é o de que as altas pressões continuem a apresentar alguma tendência para subir em latitude, favorecendo um jato polar algo enfraquecido e com ondulações consideráveis. Embora não pareça ser um panorama tão pronunciado como o que marcou estes últimos dias, é possível que as depressões possam rumar às latitudes baixas, com o potencial inerente de atingir diretamente, ou indiretamente, Portugal continental.

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A semana que se estende entre o Natal e o Ano Novo também poderá ser chuvosa em Portugal e boa parte de Espanha.

Caso este cenário se concretize, estar-se-ia a falar de umas festas, desde o Natal (25) até ao Ano Novo (01), sob a influência do fluxo atlântico, mas menos intenso do que o atual, com períodos estáveis mais longos. Se este fluxo não for intenso, as nuvens e a precipitação só chegarão a cair nalgumas regiões do país. Ainda assim, parece razoavelmente provável o cenário no qual as frentes abarcam Portugal de norte a sul de uma maneira mais direta, com despejo da chuva à medida que forem passeando pela nossa geografia continental.

Com estas condições meteorológicas em vista, a neve, em princípio, só conseguiria cair nos pontos mais elevados da Serra da Estrela, e dificilmente mais do que isso. A tão longo prazo, a previsão de neve para determinado dia, como o de Natal ou Véspera de Natal ou de Ano Novo, é impossível, porque está sujeita a demasiada incerteza no “puzzle” das peças que compõem a atmosfera.

Embora a temperatura se preveja mais baixa do que a atual, caso o cenário do fluxo de origem atlântica se estabeleça, a temperatura poderia voltar a subir, com noites e dias relativamente amenos, e valores substancialmente elevados para um dezembro. Ainda assim, o modelo Europeu projeta que toda a Região Norte e alguns pontos da Região Centro registem temperaturas dentro do normal para a época do ano.

Previsões de curto prazo versus previsões de longo prazo

Para previsões detalhadas à escala local que confirmem ou rejeitem estas primeiras tendências, região a região, é preciso esperar que os prazos temporais sejam mais curtos, de apenas alguns dias.

As previsões a longo prazo só possuem a capacidade de se focarem em circulações e sistemas de grande escala que, por si mesmos, não são capazes de definir episódios meteorológicos específicos em pequena escala. Aquilo que conseguem, sim, é fornecer algumas pistas do panorama geral.