Tempo em Portugal esta semana: depressões trazem chuva abundante e vento forte, saiba que regiões serão mais afetadas

Até terça as primeiras frentes passarão de “raspão” pelo Norte e Centro de Portugal continental. Mas é a partir de quarta-feira que as frentes mais ativas cá chegarão, deixando chuva abundante e persistente. Saiba em que regiões choverá mais!

Após um fim de semana estável, em que houve geadas em pontos isolados do interior Norte e Centro, prevaleceu o céu parcialmente nublado e o nevoeiro se espalhou durante a noite nos vales abrigados e planícies, por diante haverá uma semana radicalmente diferente em Portugal continental. O anticiclone em crista vai enfraquecer e grandes massas de ar frio vão descer em latitude sobre o continente Europeu e o Atlântico Norte, algo que permitirá a ondulação do jato polar e a sua circulação, de novo, em latitudes muito mais baixas.

Esta mudança no padrão meteorológico já se fez sentir esta segunda-feira (27), em particular nas Regiões Norte e Centro do nosso país, dado que se registou um aumento da nebulosidade e da velocidade do vento.

As alterações no estado do tempo, tanto nesta segunda-feira (27), como amanhã - terça-feira (28) - estimam-se pouco expressivas e de pouca extensão geográfica pois a frente que está a cruzar o nosso território está associada a uma depressão débil, tendo por isso tendência a dissipar-se à medida que for progredindo. Todavia, as frentes atlânticas que irão afetar-nos a partir de quarta-feira - 29 de novembro - serão bem distintas.

Uma massa de ar muito frio a grande altitude irá deslocar-se da Gronelândia para a Europa Ocidental, reforçará a depressão de carácter débil que estará a condicionar o tempo durante os primeiros dias da semana no Norte e Centro de Portugal continental e, com isto, facilitará o desenvolvimento de baixas secundárias mais a sul.

Prevê-se, deste modo, que o fluxo de ventos do Atlântico subtropical (Sul/Oeste/Sudoeste) seja reforçado e que as frentes associadas a estas depressões se tornem muito mais intensas, contendo, além disso, muito mais água precipitável (rio atmosférico).

Chuva generalizada e localmente forte na quarta e na quinta

O primeiro efeito provocado por esta situação será o aumento da intensidade da chuva em Portugal continental a partir de quarta-feira (29). O vento também soprará mais forte e, apesar de não se esperar um panorama de intempérie, as rajadas poderão rondar os 50 km/h, podendo eventualmente ultrapassar os 60 km/h, tanto em zonas expostas da faixa costeira setentrional (Litoral Norte) como em zonas expostas do interior Norte. No resto do país o vento soprará com intensidades menores.

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A frente de quinta-feira (30) poderá ser especialmente ativa por ser reforçada por um rio atmosférico.

Conforme a frente for avançando, a chuva aumentará de intensidade alimentada pelo já mencionado rio atmosférico procedente do Atlântico subtropical que servirá como “combustível” à precipitação devido ao elevado teor de vapor de água aí contido. Entretanto a precipitação irá espalhar-se para mais regiões do país, dobrando as barreiras orográficas de maior dimensão e alcançando regiões como o Algarve e Alentejo, Nordeste Transmontano e Beira Alta.

A chuva será forte e persistente em várias partes do Minho (Viana do Castelo, Braga), Douro Litoral (Porto) e dos distritos de Vila Real, Viseu e Aveiro. Nestas zonas, aos já cerca de 30-50 mm de quarta-feira (29) poderão somar-se mais 20 mm no dia de quinta-feira (30), prevendo-se cerca de 75/80 mm de precipitação acumulada até ao final do dia 30.

A partir de quinta-feira (30), as temperaturas descerão devido à chegada de ar polar. Poderá também nevar nos pontos mais elevados das serras do extremo norte e da serra da Estrela.

Aliás, ainda na quinta (30), destaque para a faixa entre Sines e Olivença (distritos de Setúbal e Évora), cujas localidades, num sentido sudoeste-nordeste, poderão ser abundantemente regadas só neste dia, podendo somar até 80 mm num espaço de 24 horas, provavelmente por causa do rio atmosférico que reforçaria as linhas de instabilidade das frentes. Outras partes da Região Centro como a Cordilheira Central, Coimbra, Leiria, Santarém ou Lisboa, entre outros, poderiam acumular entre 20 e 50 mm nestes dois dias.

A chuva também passará pelos Açores e pela Madeira

A Madeira tampouco se irá livrar da chuva. Mas nesta Região Autónoma há que esperar até quinta-feira (30) para ver precipitação mais generalizada, provavelmente sob a forma de aguaceiros localmente fortes e potencialmente acompanhados de trovoada. Esta precipitação estará associada a uma frente do mesmo grupo de depressões que afetará indiretamente Portugal continental e Espanha. No sábado, 2 de dezembro, a chuva já terá abandonado o arquipélago madeirense, predominando os ventos do quadrante Leste.

O já mencionado grupo de depressões, com as suas frentes associadas, passará muito mais perto dos Açores produzindo aí chuva abundante e generalizada, também com risco de trovoadas, sobretudo entre terça (28) e quarta (29). Na verdade, esta será a primeira unidade territorial de Portugal a ser afetada pelo tempo instável, húmido e chuvoso e ao qual estará associado um rio atmosférico.

Irá esta situação durar muito?

Estão estimados vários cenários a médio prazo, para os quais subsiste um elevado grau de incerteza por causa da presença de um jato polar muito instável e ondulante, que dificulta a previsão da posição dos principais centros de ação. De acordo com o modelo de referência da Meteored Portugal, o panorama mais provável vislumbra novas depressões cavadas nas proximidades da Península Ibérica, o que se traduz na eventual possibilidade de mais dias de tempo chuvoso, instável e provavelmente mais frio.

Após uma breve acalmia esperada a partir de sexta-feira (1), em que um pequeno anticiclone em crista deverá interromper a passagem das frentes, chegará o período da possível continuidade da chegada de centros de baixas pressões e frentes, eventualmente a partir do dia 3 ou 4 de dezembro, mas a incerteza é enorme. Também estão previstos grandes contrastes térmicos, dado que a o jato meandrizado permitirá a chegada de massas de ar de latitudes muito diferentes.