Primavera climatológica: que tempo nos reserva março, abril e maio?

Esta segunda-feira 1 de março marca a entrada oficial na primavera climatológica. Embora estes últimos dias tenham sido estáveis e soalheiros, será hora de dizer adeus aos casacos e aos guarda-chuvas? Confira aqui a previsão trimestral do tempo!

Flores; abelhas; primavera; luz solar
A primavera é uma estação muito variável normalmente. Será que vai chover muito ou o sol terá presença constante?

Faltam cerca de três semanas para o final do inverno astronómico, mas o climatológico termina hoje. A primavera climatológica, que abrange os meses de março, abril e maio, arranca na próxima segunda-feira, 1 de março, terminando a 31 de maio de 2021. Após um inverno climatológico marcado por alguns eventos rigorosos, sobretudo no que toca ao frio intenso registado na primeira quinzena de janeiro quando inclusive nevou em regiões, como o Alentejo, onde não nevava há cerca de uma década.

A precipitação registada no último trimestre foi notável, destacando-se o mês de janeiro e parte de fevereiro com uma sequência excecional de depressões atlânticas a atravessar a Península Ibérica de oeste para leste.

Agora há que ter em conta que com março chega uma época de mudanças significativas a nível hemisférico. A radiação solar aumenta a um ritmo muito maior e o equilíbrio térmico que existia nas latitudes médias e altas durante o inverno, rompe-se. Assim, o jato polar tende a ondular-se, contribuindo para tempo muito mais instável, com desenvolvimento e circulação de tempestades em latitudes que no inverno eram pouco habituais. O que nos reserva este ano a primavera?

Um início de primavera seco e relativamente ameno

O mês de março terá um início bastante seco na generalidade do território continental, sobretudo no Minho e Douro Litoral. No entanto, no total de precipitação mensal prevista, não se deteta qualquer anomalia pelo que deverá registar valores de pluviosidade dentro do previsto, não se descartando que em algumas regiões se possam registar valores inferiores ao habitual. Uns dias mais soalheiros, outros com alguma nebulosidade, mas com a chuva sempre à espreita devido a alguma frente que eventualmente perfure as altas pressões.

Quanto às temperaturas, prevê-se um panorama próximo ou ligeiramente mais quente do que o habitual, com várias áreas do país a registar uma anomalia de até 1 ºC. Ainda assim, será um mês bastante suave no que toca ao aspeto térmico, não se prevendo grandes extremos ou desvios relativamente aos valores de referência.

Deitando um olhar pelo mês de abril, é possível perceber que os mapas, por agora, projetam um cenário longe do habitual provérbio popular ‘Abril, Águas Mil’. A precipitação deverá ocorrer, sim, mas as acumulações totais poderão ficar em níveis distantes do que é habitual, em particular na região Norte, e sobretudo na faixa do litoral.

Naturalmente que devemos sempre contar com possíveis episódios de instabilidade, tão típicos de uma estação extremamente variável em termos meteorológicos como a primavera sempre costuma ser. No que concerne às temperaturas, os valores antecipados deverão corresponder aos da normal climatológica, ou seja dentro do normal, não se esperando grandes anomalias.

Um mês de maio mais seco e estável?

Para maio, o cenário previsto aponta para a possível influência de centros anticiclónicos subtropicais. Isto significa que teremos um mês com anomalia térmica positiva, sobretudo a norte do rio Tejo, antecipando-se 0,25 ºC a 1 ºC acima do normal tanto para Portugal continental como para os arquipélagos dos Açores e da Madeira. Quanto à precipitação, projeta-se um cenário caracterizado por quantitativos abaixo do normal de norte a sul do país, esperando-se por isso um mês seco e mais estável do que o habitual.

Estes modelos são de confiança?

Temos de considerar várias características fundamentais deste tipo de previsões. Estes modelos não operam da mesma forma que os convencionais que são usados para prognósticos a médio prazo. Antes de os utilizarmos, não só temos que considerar que só os devemos interpretar como um indicador de probabilidade, como também que trabalham à escala sinótica e planetária, isto é, não são úteis para previsões locais ou regionais. Quanto mais aprofundamos uma previsão climática ou meteorológica, maior é o erro cometido.

Estes modelos devem ser interpretados como um indicador de probabilidade que trabalham à escala planetária, não sendo propriamente úteis para previsões locais ou regionais

Portanto, respondendo à pergunta, podemos dizer que estes modelos são apenas uma ferramenta experimental que pode ser útil para projetar uma previsão geral e/ou probabilística, dando uma ideia aproximada da tendência que podemos esperar a longo prazo da evolução de parâmetros diretos como a temperatura ou a precipitação. Não podem detetar sistemas meteorológicos como frentes, ciclones ou depressões isoladas, essas sim, capazes de alterar o carácter geral de um mês em apenas uns dias de ocorrência, pelo que estas previsões podem mudar de umas regiões para outras com o decorrer das semanas ou inclusive não se cumprirem em determinadas áreas.