O modelo meteorológico europeu pinta Portugal de amarelo e laranja, Alfredo Graça: “haverá temperaturas anómalas”

Até agora, neste outono, o frio praticamente não se fez sentir. A partir de quinta-feira (6) chegará uma massa de ar frio, mas será efémera. Na próxima semana as anomalias quentes vão manter-se em Portugal.
Quer a perceção social, quer os dados climatológicos, atestam que os outonos já não são como antigamente, tendo-se verificado uma mudança. Há cada vez mais dias na estação outonal e mais regiões em Portugal com tempo veranil ou quase veranil e anomalias de temperatura positivas bastante significativas.
A chegada do frio e a sua permanência sem grandes variações está cada vez mais atrasada, o que é confirmado pelos registos meteorológicos. Ontem, 3 de novembro, a temperatura máxima em várias cidades e localidades de Portugal continental situou-se entre os 18 e os 24 ºC, o que ilustra bem o comportamento termométrico destes novos outonos.
Massa de ar frio chegará entre quarta e quinta-feira
Amanhã - quarta-feira, 5 de novembro - a chegada de uma frente associada a uma depressão muito cavada que conterá ar polar frio, para além de provocar um episódio de chuva abundante, potencialmente acompanhada de trovoada e granizo nalguns locais, dará ainda origem a uma pequena descida das temperaturas de norte a sul de Portugal continental. A combinação do ar frio em altitude com a precipitação poderá originar queda de neve nos pontos mais elevados da Serra da Estrela.

Porém, é para quinta-feira (6) que é expectável um arrefecimento mais generalizado e acentuado, sobretudo nas Regiões Norte e Centro do nosso país. No interior as temperaturas mínimas situar-se-ão entre os 3 e 10 ºC e no litoral oscilarão entre 9 e 13 ºC, podendo nalguns locais chegar aos 14 ºC. Já quanto às temperaturas máximas espera-se que variem entre os 15 e os 18 ºC em grande parte do país, embora com algumas exceções: na Guarda não irá além dos 11 ºC, e do Tejo para sul serão iguais ou superiores a 19 ºC.
Não se perspetiva frio intenso a médio prazo
Espera-se que as temperaturas máximas em Portugal continental registem altos e baixos, sem variações muito acentuadas, entre quinta (6) e domingo (9), algo que sinalizará a ‘batalha’ entre o ar polar pós-frontal e o ar subtropical. As temperaturas mínimas ficarão tendencialmente mais baixas no fim de semana devido ao afastamento das frentes do nosso território e à consequente estabilização do tempo exercida pelas altas pressões. Isto traduzir-se-á num arrefecimento térmico quase generalizado nas horas sem luz solar.

Deste modo, o tempo fresco ou frio continuará a prevalecer em grande parte de Portugal continental - exceto no Algarve onde as máximas rondarão os 20 ºC e as mínimas serão iguais ou superiores aos 13 ºC -, mas, de momento, não é possível anunciar a chegada de um tempo mais puramente invernal, algo que há alguns anos era relativamente normal nesta altura do ano.
De acordo com a previsão sub-sazonal do modelo Europeu, na próxima semana (10 a 16 de novembro) haverá anomalias quentes (ou térmicas positivas) em Portugal continental e Madeira, embora não muito acentuadas. Em quase toda a geografia do Continente prevê-se que a temperatura apresente valores até 1,5 ºC acima dos valores médios de referência.

No Sotavento Algarvio e na Madeira espera-se uma anomalia térmica mais suave (temperaturas entre 0,5 e 1 ºC acima do normal). Já para os Açores não se deteta qualquer anomalia na temperatura, pelo que são expectáveis valores térmicos dentro do habitual.
Estes mapas de anomalias térmicas - como o que se observa imediatamente acima plasmado -, com as cores amarelo e cor-de-laranja, são o tom dominante destes novos outonos, em que o tempo ameno (e por vezes o calor) vence o frio de forma esmagadora.