Modelo europeu prevê uma primeira quinzena de maio "atribulada": saiba o que esperar da chuva e trovoada em Portugal

Após a passagem desta depressão, os modelos sugerem que o tempo em Portugal deverá continuar instável na primeira metade deste mês de maio. Estão à vista aguaceiros e trovoadas fortes. Saiba em que regiões serão mais prováveis.

chuva maio
É provável que os aguaceiros e trovoadas continuem a persistir nas primeiras semanas de maio em Portugal. Descubra mais pormenores na previsão abaixo.

O atual estado do tempo está a ser condicionado por um sistema de baixas pressões posicionado a oeste da costa ocidental de Portugal continental. A depressão fria isolada que nos acompanha há vários dias vai continuar a atingir-nos neste primeiro fim de semana de maio, estimulando a formação de aguaceiros e trovoadas com uma distribuição geográfica muito irregular e uma intensidade muito variável.

Nalguns locais poderão ser fortes, expressar-se ocasionalmente sob a forma de granizo, não se excluindo a ocorrência de fenómenos de ventos fortes, como o tornado que ocorreu na manhã desta sexta-feira (2) em Porto Peles, aldeia do concelho de Beja.

A precipitação do tipo convectivo é uma situação bastante típica da primavera. De acordo com as últimas tendências do modelo Europeu, aquele que serve de referência à Meteored, esta é uma situação meteorológica que poderá prolongar-se por mais algum tempo e que analisaremos já de seguida.

Que tempo se prevê após esta depressão?

Para o início da próxima semana espera-se que esta depressão fria volte a ser reabsorvida pela corrente de jato polar, deixando de estar isolada em altitude e afastando-se de Portugal continental. Os períodos de chuva serão mais escassos e menos frequentes, mas a temperatura descerá em várias regiões do país, dado que a nossa geografia estará exposta à incursão de uma massa de ar frio proveniente do flanco traseiro da depressão.

A dúvida reside no facto de saber se a baixa pressão atual será seguida por outras. A resposta, embora incerta, sugere a continuidade de uma grande variabilidade de estados de tempo, o que inclui, naturalmente, a instabilidade atmosférica.

Os valores negativos da anomalia de pressão média ao nível do mar sugerem a continuidade de um tempo instável para a semana de 5 a 12 de maio em redor de Portugal continental, Açores e Madeira.

A médio e longo prazo, a previsão de sistemas meteorológicos com pequenas escalas espaciais e temporais é praticamente impossível, com incertezas muito elevadas, o que torna muito difícil uma previsão do tempo útil. Isto é ainda mais acentuado na nossa latitude durante a estação primaveril, precisamente devido à grande ondulação do jato polar e à ausência de padrões de circulação definidos.

Esta configuração sinóptica leva a que tenhamos de prestar atenção a estruturas e sistemas de maior dimensão, que embora não sejam úteis para uma previsão precisa, serão capazes de fornecer pistas acerca do que podemos esperar do tempo para a primeira quinzena de maio em Portugal.

Uma das estruturas mais fáceis de prever a longo prazo, e que é muito comum na região do planeta em que estamos inseridos, são as cristas anticiclónicas. É muito comum que uma crista se estenda intermitentemente do Norte de África e bloqueie a passagem de depressões no nosso meio, especialmente durante o verão e o inverno.

Por enquanto, não se vislumbram sinais de que esta crista apareça ao longo da semana de 5 a 11 de maio e, muito provavelmente, não o fará até ao final da primeira quinzena de maio.

Tendência claras quanto ao tempo instável. Aguaceiros e trovoadas deverão persistir nas próximas semanas

Tendo a situação acima descrita em conta, o modelo de confiança da Meteored (ECMWF) prevê uma anomalia positiva de precipitação em praticamente toda a geografia de Portugal continental (haverá pequenas exceções localizadas com anomalias negativas), bem como nos arquipélagos de Açores e Madeira ao longo da primeira quinzena de maio. É para as Regiões Autónomas em particular que se observam os valores mais acentuados de precipitação em relação à média climatológica de referência.

A tendência aponta para a continuidade de um panorama geralmente húmido e instável em praticamente todas as regiões portuguesas, tanto continentais, como insulares.

As anomalias de precipitação negativas (precipitação inferior aos valores médios para estas datas) e que parece que constituirão uma exceção à regra estão previstas para a Região de Coimbra, Beira Baixa (distrito de Castelo Branco), parte oriental do distrito de Beja e uma pequena parte do Sotavento Algarvio (distrito de Faro), junto à fronteira com Espanha. Como esta precipitação terá um carácter irregular por ser principalmente do tipo convectivo, espera-se que apresente grandes variações de uma região para outra.

Se as cristas continuarem sem aparecer, as massas de ar frio e as depressões vão continuar a descer até latitudes mais meridionais, gerando mais depressões frias isoladas ou gotas frias nas imediações do nosso país e trazendo mais estados do tempo instáveis, húmidos e muito variáveis.

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Nesta época do ano estes sistemas são muito propícios ao desenvolvimento de precipitação convectiva (aguaceiros e trovoadas), sobretudo quando se localizam a oeste de Portugal continental. Em suma, aqui na Meteored vamos continuar muito atentos e a monitorizar a formação e possível chegada destes sistemas nas próximas semanas devido à elevada probabilidade de passarem pelo nosso país.