Dezembro promete ser muito chuvoso em Portugal, aposta o modelo Europeu

A última atualização do modelo Europeu (ECMWF) aposta num dezembro muito chuvoso de norte a sul de Portugal continental e com valores de temperatura acima do normal nalgumas regiões. Consulte a previsão!

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Dezembro promete trazer muita chuva ao nosso país. E o frio, marcará presença?

Após um outono ameno, com valores, no geral, acima do normal em relação à temperatura e precipitação, dezembro começou com uma descida nos termómetros (para valores normais desta altura do ano) e um aumento da instabilidade atmosférica. Irá o resto do mês manter-se assim, meteorologicamente falando?

Temperatura ligeiramente acima do normal para um dezembro, mas não em todo o país

De acordo com as últimas tendências do nosso modelo de maior confiança (ECMWF), dezembro de 2022, primeiro mês do inverno para a Climatologia, poderá ser ligeiramente mais quente do que o normal, mas apenas nalgumas regiões. As anomalias positivas, isto é, a maior probabilidade da sua ocorrência, estão previstas para o Arquipélago da Madeira (entre 0,5 e 1 ºC acima do normal) e Centro-Sul de Portugal continental (entre 0,5 e 1 ºC acima do normal).

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A temperatura será ligeiramente superior ao normal a sul do Tejo, com destaque para pontos do Alentejo e do Algarve.

Há pequenas áreas da geografia continental lusa, manchadas a laranja no mapa “cozinhado” no nosso Departamento da Meteored, correspondentes ao interior Nordeste do Algarve (Faro) e ao Alentejo (Portalegre, Évora e Beja) que revelam uma anomalia térmica positiva ainda mais acentuada (entre 1 e 1,5 ºC acima do normal).

O resto de Portugal continental, grosso modo a norte do Tejo, registará valores normais para dezembro. Fará frio, algo perfeitamente normal para a estação do ano em que estamos climatologicamente: o inverno. Quanto aos Açores, todas as ilhas registarão valores de temperatura dentro da normal climatológica de referência.

Chuva abundante de norte a sul

No que diz respeito à chuva, o modelo europeu antecipa valores substancialmente acima da média de norte a sul de Portugal continental, Madeira e em quase todo o Arquipélago dos Açores (exceto Corvo e Flores).

Os sinais de anomalia positiva de precipitação (verde-escuro no mapa) mancham, felizmente, o território inteiro de Portugal. Não há área geográfica que não registe chuva acima do normal neste dezembro e, até mesmo as mais punidas pela seca que ocorreu no último ano hidrológico 2021-2022, serão abundantemente regadas (Alentejo, Algarve e Nordeste Transmontano).

As acumulações pluviométricas serão, como já foi referido, superiores ao habitual, prevendo-se entre 30 e 50 litros por metro quadrado (é o mesmo que milímetros!) acima do normal para a época, ao longo do mês de dezembro.

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Dezembro de 2022 será muito mais chuvoso do que o normal de norte a sul de Portugal continental.

A ilha da Madeira deverá registar chuva acima do normal, com particular ênfase na sua metade ocidental (anomalia positiva entre 20 e 50 mm). Porto Santo também registará um mês chuvoso (10 a 20 mm acima do normal). Quanto aos Açores prevê-se um cenário semelhante ao da Madeira, exceto nas ilhas do Grupo Ocidental onde a anomalia de precipitação se espera negativa. Pelo contrário, as ilhas de Santa Maria e São Miguel deverão acumular mais chuva do que é habitual.

Em suma, a chuva está garantida, pelo menos ao longo do primeiro mês do inverno climatológico, graças à chegada de sucessivas depressões com trajetórias mais a sul do que é normal por causa dos anticiclones de bloqueio. Embora a seca não desapareça instantaneamente, esta chuva será muito bem recebida nas regiões portuguesas que mais necessitam de água. Neste mês de dezembro a precipitação dará certamente um enorme contributo rumo ao fim da seca.

Estes mapas são fiáveis?

É de realçar que estes mapas, por muito avançados e desenvolvidos que estejam, não estão livres de falhas. O estado da arte da previsão científica não permite elaborar previsões detalhadas e deterministas num prazo superior a 5 ou 7 dias e os erros de previsão nos modelos crescem com o tempo.

Assim, é necessário abordar estas previsões com cuidado, encarando-as como tendências em relação à Climatologia.