Algumas regiões de Portugal vão somar mais de 100 l/m2 nos próximos dias

Ao longo dos últimos dias, a circulação de latitude médias no hemisfério norte tornou-se mais fraca e as altas pressões no Ártico criaram um cenário propício à deslocação de ar frio para Sul e à formação de depressões em latitudes mais baixas. Estas depressões estão a desenvolver-se nas imediações de Portugal e Espanha e inclusive, dos Açores e da Madeira.

Daí que, após uma segunda-feira (5) de chuva abundante - desta vez mais no Sul do país (Alentejo e Algarve), onde até houve numerosas inundações no distrito de Faro – não seja de admirar que o tempo chuvoso e com potencial para estragos e inundações possa voltar a atingir-nos diretamente nos próximos dias.

Para trás ficaram os cenários em que o frio extremo se iria instalar versus aqueles que projetavam este fluxo de frentes e depressões, fresco e húmido. É um facto que o tempo até arrefeceu, no entanto, os valores de temperatura são totalmente normais para a altura do ano em que estamos e assim continuará durante os próximos dias. Quanto à chuva, prevê-se abundante e a cobrir a totalidade do território de Portugal continental.

A primeira depressão afetou Portugal continental já desde as últimas horas de domingo (4), tendo atravessado o país de sudoeste para nordeste em fase de dissipação esta segunda-feira (5). Pelo caminho deixou nebulosidade abundante e chuva em todas as regiões, nalguns casos provocou inundações. Foi fraca e dispersa na Região Norte e em boa parte do Centro, mas pontualmente forte e com carácter torrencial no Sul do país – Baixo Alentejo (Beja) e Algarve (Faro).

A próxima depressão chega na quarta-feira e poderá durar praticamente 72 horas

Uma situação semelhante irá repetir-se entre quarta (7) e sexta-feira (9), com a chegada de uma nova depressão a Portugal, de novo a partir do Algarve. Esta depressão será muito mais cavada e estará numa etapa algo mais precoce no momento em que chegar ao nosso país. Isto significa que os seus efeitos serão mais intensos e que as acumulações de precipitação podem vir a superar os 100 mm (ou l/m²) na Serra da Estrela (Guarda e Castelo Branco), na Serra de São Mamede (Portalegre), e numa vasta porção do território da Região do Algarve.

Nesta ocasião, até mesmo no Norte e no Centro a precipitação será frutífera durante as quase 72 horas da passagem da depressão. A sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, devido à trajetória peculiar desta depressão, a acumulação de água será muito mais “generosa” em relação ao resto do país.

Como se não bastasse, esta depressão virá acompanhada de vento forte do quadrante sul que pode superar os 60 km/h em várias áreas do Centro-Sul de Portugal e nas montanhas da nossa geografia. Entre quinta (8) e sexta-feira (9) poderá gerar um forte temporal marítimo em parte da costa ocidental (entre o Cabo da Roca e Sagres) e em toda a costa meridional ou algarvia, com ondas entre 4 e 5 metros de altura significativa.

Também haverá condições favoráveis à ocorrência de trovoada entre quarta e sexta. Espreite no nosso mapa de raios a sua probabilidade. Há possibilidade de queda de neve para domingo (11) acima dos 1000 metros de altitude em serras do extremo Norte (distrito de Bragança) e na Serra da Estrela.

Açores e Madeira na rota das depressões

Os Açores e a Madeira, fruto destas sucessivas frentes e depressões, também serão regados com abundância durante esta semana. Também há potencial para a ocorrência de trovoada nas Ilhas, além do típico ambiente temperado (reduzidíssima amplitude térmica diária).

O vento de Oeste/Sudoeste soprará com muita intensidade durante estes dias. Cautela, pois aqui também haverá risco de inundações e deslizamentos de terras/vertentes.