Depois do Carnaval: irão frio, chuva e neve regressar a Portugal?

O tempo no Carnaval 2023 em Portugal continental será marcado por poeiras do Saara, temperatura quase primaveril e aguaceiros dispersos. Mas frio, chuva e neve poderão estar de regresso em breve. Que se prevê para meados da próxima semana?

previsão do tempo; próxima semana; Portugal
Existe a possibilidade de que em meados da próxima semana, o frio intenso, a chuva e a neve regressem a Portugal.

Uma depressão isolada em altitude que tem estado a provocar tempo adverso no Arquipélago da Madeira irá, nas próximas horas, circular para norte em direção ao Sul de Portugal continental (Algarve). Para sábado (18) e domingo (19) - fim de semana de Carnaval 2023 -, prevê-se aguaceiros dispersos, potencialmente acompanhados de trovoada nas Regiões Centro e Sul do país, com a instabilidade associada a esta depressão a concentrar-se, sobretudo, a sul do Mondego.

Além da inevitável instabilidade associada à baixa isolada em altitude, haverá outros efeitos indiretamente produzidos por esta pequena depressão que tem tido um longo ciclo de vida: o transporte de poeiras do Saara devido à rotação sul-norte que apresentará; e a chegada de massas de ar mais temperadas que inevitavelmente irão provocar o aumento da temperatura – sobretudo da máxima – em várias regiões do país. Realce-se também que as poeiras poderão inibir alguma da instabilidade prevista. Nalguns casos os aguaceiros poderão ser de lama devido às poeiras.

Este tempo ameno e quase primaveril será sentido ao longo de todo o fim de semana de Carnaval. No entanto, devido à presença de nuvens de média e alta altitude e à concentração muito expressiva de poeiras saarianas (especialmente na A.M. de Lisboa, Alentejo e Algarve) o céu assumirá um aspeto embaçado/esbranquiçado ou até mesmo alaranjado/acastanhado.

Como se não bastasse, além das poeiras do Saara que já de si representam um risco para o ser humano quando presentes em suspensão na atmosfera em elevadas concentrações – em particular para os grupos mais vulneráveis (crianças, idosos e indivíduos com doenças respiratórias) – haverá também uma concentração robusta de pólen de amieiro, um outro fator de risco para pessoas que sofrem de alergias.

Regresso do frio intenso e da neve em meados da próxima semana?

A partir de segunda-feira (20) espera-se que a baixa isolada em altitude comece a desagregar-se e a perder a sua estrutura de forma lenta e gradual à medida que for circulando para Norte. Ainda assim, entre segunda (20) e terça-feira (21), todo o país poderá registar vestígios de instabilidade associados a esta pequena baixa, sob a forma de aguaceiros, por vezes sendo fortes, com possibilidade de desenvolvimento de alguma atividade elétrica.

Para terça (21), além da continuidade da ligeira instabilidade do estado do tempo, prevê-se também uma descida notória da temperatura. Nesse dia, o vento passará a soprar maioritariamente de Oeste, contrariando, por fim, a tendência dominante do quadrante Leste até agora.

Na madrugada de quarta-feira, dia 22, um grande cavado com ar polar marítimo, proveniente da Gronelândia e da Islândia, poderá desprender-se da circulação principal onde está o jato polar, e ao fazê-lo, poderá chegar à Península Ibérica pela parte norte da mesma (Galiza, Cantábria e Minho) na noite de quarta (22) para quinta (23), possivelmente já descolado em altitude.

Esta é a aposta do nosso modelo de referência (ECMWF) que antecipa que uma depressão de ar frio em altitude possa chegar até Portugal em meados da próxima semana, podendo vir a condicionar o estado do tempo entre quarta (22) e sábado (25).

Saliente-se que, por causa da enorme distância temporal, esta situação meteorológica está longe de estar garantida e ainda pode sofrer grandes alterações, pelo que deve ser apenas encarada como uma tendência, e não como uma certeza. Acompanhe diariamente as nossas previsões aqui, sempre atualizadas.

Alguns dos possíveis efeitos que poderão ser deixados por esta depressão são: uma descida acentuada e repentina da temperatura máxima e mínima provocada pela abrupta entrada de ar polar em território nacional; vento que passará a soprar forte de Nor-Noroeste reforçando a sensação térmica de frio e agravando o desconforto térmico; queda de neve que só acontecerá caso haja suficiente precipitação e frio conjugados em altitude; e, por fim, a chuva per se.