Ar polar provocará mudança brusca em Portugal: frio, chuva e neve à vista?

O estado do tempo em Portugal vai sofrer uma mudança radical dentro de poucos dias. Tudo indica que a segunda metade da semana será marcada por muito frio e alguma precipitação sob a forma de chuva e neve. Consulte a previsão!

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Da primavera antecipada ao duro inverno num ápice! Muito frio está a caminho de Portugal. Também poderá chover e nevar. Onde?

Nas últimas horas têm caído aguaceiros moderados por várias regiões de Portugal continental devido à depressão isolada em altitude que está nas imediações do sul do nosso país. Além dos aguaceiros, muitos deles acompanhados de trovoada e misturados com lama (devido às poeiras saarianas), ocorreu uma maciça intrusão das já mencionadas poeiras do Saara. Manteve-se o vento dominante de Leste/Sudeste.

É preciso ter muita cautela e atenção em relação aquilo que poderá acontecer após a passagem desta depressão isolada em altitude: a previsão que gerimos a partir da Meteored Portugal salienta a abrupta mudança do estado do tempo que ocorrerá dentro de poucos dias, e que será bastante notória durante a segunda metade da semana.

A semana arrancou com temperatura primaveril, aguaceiros de lama e poeiras do Saara

A depressão isolada em altitude, já bastante fragilizada, deverá deslocar-se para norte e paralelamente à faixa costeira ocidental de Portugal continental. Esta segunda-feira (20) tem sido marcada pela precipitação de aguaceiros, ocasionalmente moderados ou fortes e acompanhados de trovoada, tanto em pontos do litoral como do interior do nosso país, confirmando-se a previsão de instabilidade por nós avançada há quase uma semana. Açores e Madeira com períodos nublados, abertas e alguns aguaceiros.

Além disso, o aspeto acastanhado/baço do céu deve-se às poeiras saarianas, cuja elevada concentração começará gradualmente a diminuir com o decorrer das horas. Ao final do dia de terça (21), as poeiras ter-se-ão retirado totalmente da nossa geografia continental. O tempo mantém-se ameno, nalguns locais com temperatura máxima praticamente primaveril.

De acordo com as projeções de alguns cenários meteorológicos, um novo episódio de instabilidade poderá já estar aí “ao virar da esquina”!

Para terça-feira (21) espera-se que a depressão isolada em altitude seja reabsorvida pelo jato polar, apesar de ainda atravessar o norte da Península Ibérica como depressão. Ao fazê-lo, fará com que nuvens de evolução cresçam. Estas irão potencialmente despejar alguns aguaceiros, a poderem ser acompanhados de trovoada, mais abundantes e prováveis no Nordeste e Centro de Portugal, sendo mais dispersos nas restantes regiões do país.

Na Madeira poderá haver alguma poeira em suspensão, mas em princípio, predominará o ambiente soalheiro, com alguma nebulosidade.

Nas próximas horas, quer no que resta de segunda (20), quer durante todo o dia de terça, Portugal viverá um estado do tempo tipicamente primaveril, com temperatura amena durante o dia e aguaceiros convectivos, com possibilidade de ocorrência de trovoada.

Na terça (21) será percetível uma maior frescura. Embora impere um ambiente relativamente ameno e primaveril, a temperatura diurna e noturna terá tendência a baixar em praticamente todo o país, algo para o qual contribuirá o vento, que passará a soprar maioritariamente de Oeste.

Bolsa de ar frio chegará na noite de quarta para quinta: queda brutal da temperatura

Na quarta-feira (22) produzir-se-á uma mudança radical na situação sinóptica. Um cavado polar começará a descolar-se do jato polar, deslocando-se em direção ao Norte da Península Ibérica, ao mesmo tempo que as altas pressões deverão subir pelo Atlântico. Desta forma o vento passará a soprar de Norte-Noroeste de norte a sul de Portugal continental. Na Madeira o panorama meteorológico manter-se-á mais ou menos semelhante ao do dia anterior.

A chuva poderá ser localmente forte e persistente nalguns locais da metade setentrional do país, isto é, a norte do Mondego e Serra da Estrela, embora possa precipitar de maneira dispersa e irregular a sul da mencionada cadeia montanhosa. A temperatura baixará em Portugal inteiro.

Na madrugada de quinta-feira (23) uma bolsa de ar frio irá posicionar-se em altitude sobre o território de Portugal continental e partes de Espanha. O céu ficará encoberto nalguns pontos do interior das Regiões Norte e Centro, estando soalheiro ou pouco nublado na vertente atlântica.

Efeitos previstos entre quinta e sábado

Durante os dias de quinta (23), sexta (24) e sábado (25), esta bolsa de ar frio com ar polar marítimo contido na sua circulação poderá deixar vários efeitos no nosso país, tais como: chuva e/ou aguaceiros fracos, mas que poderão por vezes ser localmente fortes ou persistentes, em qualquer ponto do país. A cota de neve irá situar-se abaixo dos 1000 metros no Sistema Central (Serra da Estrela) e possivelmente em serras do Norte do país. Tudo dependerá, naturalmente, da posição final que a bolsa de ar frio assumir.

Mesmo assim, uma grande parte da neve, da precipitação e nebulosidade deverá ficar retida em Espanha devido ao papel jogado pela orografia presente nas Comunidades da Galiza, Cantábria e Castela e Leão. Na Madeira haverá aguaceiros.

O país registará um volte-face meteorológico tremendo: da “primavera antecipada” ao duro inverno numa questão de dias. A partir de quarta-feira (22) a descida da temperatura será generalizada. Poderá nevar abaixo dos mil metros de altitude a partir de quinta-feira (23), tanto nas Serras do Norte como no Sistema Central (Serra da Estrela).

A temperatura descerá, em geral, em toda a geografia continental, quer quanto à máxima, quer quanto à mínima, com ambiente de pleno inverno no interior e na generalidade do Norte e Centro do país. Haverá mais geadas, potencialmente mais intensas em áreas elevadas e montanhosas.

O bloqueio em ómega poderá acompanhar-nos até à próxima semana

O bloqueio em ómega, com as altas pressões centradas em redor das Ilhas Britânicas e da Escandinávia poderá manter-se ao longo de boa parte da semana vindoura, estimulando descolamentos e baixas pressões que poderão aproximar-se mais facilmente da nossa latitude.

Não será de descartar também a possibilidade de mais baixas pressões se aproximarem de Portugal provenientes do Atlântico, apesar do grau elevado de incerteza neste cenário. Fevereiro, um mês meteorologicamente muito variável, bem merece a sua fama!