A árvore proibida da China: a sua madeira vale mais do que ouro e ninguém pode tocá-la

Num mundo onde a exploração de recursos parece ilimitada, este caso demonstra que existem valores que transcendem o ganho material. É um exemplo vivo de uma árvore que, por ser proibida, se tornou uma lenda.

Nanmu dourado
Pilar e base nanmu dourados no Templo Ancestral Imperial em Pequim, refletindo a arte e a majestade da madeira mais valiosa da China.

Nalguns cantos da Ásia existem segredos naturais tão valiosos que são mais do que meros recursos; tornaram-se património cultural. Árvores que não representam apenas riqueza material, mas também história, espiritualidade e proibições que as envolvem com uma aura de mistério.

Entre elas, uma em particular destaca-se pelo fascínio que gera: uma árvore cuja madeira pode custar mais do que ouro, mas que, paradoxalmente, ninguém tem permissão para tocar.

A árvore sagrada da China cuja madeira vale mais do que ouro

Esta é o Nanmu dourado, uma espécie nativa da China que despertou a admiração de botânicos, comerciantes de madeira preciosa e autoridades culturais. O seu nome refere-se não apenas à tonalidade brilhante da sua madeira, mas também à aura de exclusividade que a envolve.

A sua madeira, de extraordinária dureza, resistência e beleza, era antigamente utilizada para a fabricação de móveis imperiais, esculturas religiosas e elementos arquitetónicos destinados exclusivamente a imperadores e templos.

O ouro vegetal que ninguém pode cortar

Com o tempo, a sua raridade fez com que se tornasse uma espécie protegida por leis rigorosas: hoje, é proibido cortar, comercializar ou mesmo cortar um galho dessa árvore.

Durante séculos, esta árvore foi considerada um símbolo de prosperidade e status, pois os seus troncos e galhos emitem um brilho natural que a faz parecer quase mística.

O que torna o Nanmu dourado tão excecional é a sua madeira. Considerada uma das mais caras do planeta, ela pode alcançar preços astronómicos no mercado negro, superando até mesmo o valor do ouro. A sua tonalidade varia do dourado profundo a um castanho brilhante com veios que refletem a luz, conferindo a cada peça uma aparência única.

Além da beleza estética, essa madeira possui qualidades extraordinárias: é resistente à humidade, praticamente imune a pragas e pode durar séculos sem se deteriorar. Por isso, na antiguidade, era o material preferido para a construção de palácios e templos, destinados a resistir ao teste do tempo como símbolos de grandeza.

Da tradição à lei: defendendo a árvore mais valiosa da China

Atualmente, a extração de madeira do nanmu dourado é estritamente proibida na China. A legislação protege-o como um recurso natural sagrado e, em alguns casos, como símbolo de identidade cultural. Mesmo os galhos que caem naturalmente da árvore não podem ser recolhidos sem a permissão das autoridades.

Esse status intocável não visa apenas preservar a espécie, mas também honrar a antiga tradição que a cerca. Textos chineses antigos referem-se à Nanmu dourada como uma árvore celestial, associada à longevidade, à riqueza espiritual e à boa fortuna. Portanto, além do seu valor económico, existe um profundo respeito cultural que a protege.

Mercado negro e mitos populares

A proibição, no entanto, não impediu que se tornasse um objeto cobiçado. No mercado negro, pequenos fragmentos da sua madeira alcançam preços inimagináveis. Dizem que algumas famílias ricas pagam fortunas para obter peças antigas desta árvore, usadas para esculpir amuletos, móveis exclusivos ou joias.

Várias lendas também circulam sobre ela. Uma das alegações mais conhecidas é que quem possuir um objeto feito de Nanmu dourado atrairá riqueza e fortuna eternas, o que aumentou ainda mais o seu valor cobiçado. No entanto, essa mesma crença levou o governo chinês a reforçar as medidas de proteção para impedir a sua exploração.