O fim de uma era: a despedida dos carimbos no passaporte

O adeus aos carimbos: como a biometria e a segurança digital estão a substituir a mais icónica tradição dos viajantes. Saiba mais aqui!

Para muitos viajantes, os carimbos funcionavam como um "diário de bordo" visual de todas as suas aventuras passadas.

Durante décadas, para muitos viajantes, o som de um carimbo a bater numa folha de papel e o cheiro a tinta fresca eram os sinais definitivos de que uma nova aventura tinha começado. O artigo reflete sobre como esta tradição "consagrada pelo tempo" está a desaparecer rapidamente, substituída pela eficiência silenciosa e invisível da tecnologia biométrica.

A mudança tecnológica

O ponto central desta mudança é a implementação de novos sistemas de controlo de fronteiras, com destaque para o Sistema de Entrada/Saída (EES) da União Europeia. Este sistema digital, que começou a ser implementado de forma faseada no final de 2025, visa substituir a verificação manual de passaportes por um registo eletrónico.

Em vez de um carimbo com a data e o local de entrada, os viajantes de países terceiros (fora da UE/Schengen) passam a fornecer dados biométricos — como impressões digitais e digitalização facial — em quiosques automáticos.

O objetivo é claro: aumentar a segurança e acelerar o fluxo de passageiros. O sistema permite um controlo muito mais rigoroso do cumprimento da regra dos "90 dias em 180", combatendo a imigração irregular e identificando documentos falsos com uma precisão que o olho humano não consegue igualar.

Nostalgia vs. Eficiência

Assim há a dualidade de sentimentos entre os viajantes. Por um lado, há uma profunda nostalgia. Para muitos, o passaporte não é apenas um documento de identidade, mas um "diário de bordo" físico.

Cada carimbo colorido representa uma memória: uma fronteira atravessada, um carimbo exótico de um país remoto ou o orgulho de ver as páginas preenchidas após anos de exploração.

Especialistas entrevistados referem que perder o carimbo é como perder um troféu ou uma prova tangível de uma experiência de vida.

A digitalização das fronteiras visa eliminar o erro humano no cálculo da regra de permanência de 90 dias.

Por outro lado, existe o alívio de viajantes frequentes e profissionais do setor, como por exemplo, Jorge Salas-Guevara, que viaja quase 300 dias por ano e vê na digitalização um alívio logístico. Para quem viaja constantemente, a burocracia das filas de imigração e o receio de ficar sem páginas vazias no passaporte (o que obriga à renovação antecipada e dispendiosa do documento) tornam a digitalização uma evolução necessária e bem-vinda.

Um fenómeno global

Embora o sistema europeu seja o mais mediático no momento, a tendência é global. Países como a Austrália, o Canadá, Singapura e os Estados Unidos já utilizam sistemas semelhantes há algum tempo.

Viajantes frequentes chegavam a ter de renovar o passaporte antes da validade terminar apenas por falta de espaço para carimbos.

O mundo está a mover-se para uma experiência de viagem "sem contacto" e "sem papel". Desde os bilhetes de embarque nos smartphones até às chaves de hotel digitais, o carimbo no passaporte era um dos últimos vestígios físicos de uma era de viagens mais manual.

Em suma, conclui que, embora a transição para sistemas biométricos seja um passo inevitável em direção à modernidade e segurança, ela marca o fim de uma componente romântica da exploração mundial. O passaporte passará de um livro de memórias para um simples chip eletrónico. No futuro, a "prova" de que estivemos num local residirá apenas nas nossas fotografias digitais e memórias, à medida que a tinta e o papel dão lugar a bits e algoritmos nas fronteiras do mundo.

Referência da notícia

https://www.bbc.com/travel/article/20251218-the-end-of-a-time-honoured-travel-tradition - BBC