Esta cascata de São Pedro do Sul é a solução para os dias mais quentes

Uma cascata e lagoa escondidas nas encostas da Serra da Arada são o refúgio perfeito para quem quer fugir ao calor. Já conhece este local?

Poço Negro
A lenda deu-lhe o nome de Poço Negro, mas a água é tudo menos negra. Foto: Instagram

Se ainda tem alguns dias de férias para programar e gosta de descobrir lugares pouco explorados, a nossa sugestão é que se aventure pela região centro do país. Aqui existem vários tesouros naturais ainda pouco conhecidos, daqueles que não aparecem em mapas turísticos nem em folhetos de agências de viagens, mas que ficam gravados na memória de quem lá põe os pés.

O Poço Negro é um deles. Escondido nas encostas da Serra da Arada, em São Pedro do Sul — na aldeia de Sernadinha, freguesia de Manhouce, mais precisamente —, é formado por uma cascata com cerca de 20 metros que desagua numa lagoa profunda de cor verde-esmeralda.

A própria viagem até lá já é parte da experiência. Entre as curvas e contracurvas que levam à pequena aldeia de Sernadinha, a paisagem transforma-se. As casas começam a desaparecer, as árvores formam túneis verdes sobre a estrada e o som distante da água começa a anunciar que o destino está próximo.

É um cenário que nos afasta, passo a passo, do ritmo apressado das cidades.

E o rio Teixeira, afluente do Vouga, é o autor desta obra-prima natural. Ao longo de séculos, a força das suas águas escavou a rocha, criando um poço tão profundo que, dizem, nunca foi medido com precisão.

Esta profundidade misteriosa deu origem ao nome “Poço Negro” e alimentou lendas sobre segredos guardados no fundo da lagoa. Há quem fale de um antigo moinho submerso, engolido por uma cheia, e outros juram que a água esconde tesouros deixados por contrabandistas que passavam pela serra.

O caminho é difícil, mas a recompensa é garantida

Agora, vem a parte complicada. Chegar ao Poço Negro é um teste à paciência e ao fôlego.

Poço Negro
O caminho não é o mais acessível. Foto: Facebook // Marco Rebelo

O acesso faz-se por uma estrada de terra batida, com declives acentuados e alguns buracos que lembram que a natureza manda mais aqui do que o asfalto. Muitos visitantes optam por estacionar antes e seguir a pé — uma caminhada de cerca de 20 minutos até ao topo da cascata.

Quem arrisca levar o carro mais próximo do portão de acesso encurta o trajeto para aproximadamente 10 minutos.

Do topo da cascata à lagoa, é preciso descer cuidadosamente pelas pedras, especialmente se estiverem molhadas. Contudo, ao chegar, a vista compensa qualquer esforço: a queda de água cai com força num poço profundo, rodeado por rochas e vegetação densa, criando um anfiteatro natural onde só se ouvem pássaros e o som da água.

No verão, o cenário convida a mergulhos — ainda assim, não se deixe enganar pela cor límpida e convidativa. A água é gelada, daquelas que cortam a respiração nos primeiros segundos, mas que deixam o corpo renovado. Acima da cascata, o rio oferece pequenas poças rasas ideais para descansar, molhar os pés e observar como a água ganha velocidade antes da queda.

Histórias que correm com a água

Muito antes de ser destino de caminhantes e aventureiros, o Poço Negro já fazia parte do imaginário local. Antigos moradores falam de noites em que se ouvem sons estranhos vindos da lagoa, como se alguém chamasse por quem passa. Outros recordam que, no passado, era um ponto de paragem para pastores e lavradores, que vinham refrescar-se e dar de beber aos animais.

As lendas também dizem que o poço não tem fundo — ou que o fundo está tão distante que ninguém ousou confirmar. Essa aura de mistério atrai curiosos, mas também impõe respeito: mergulhar aqui não é brincadeira, e o local exige prudência.

Poço Negro
Um cenário especial. Foto: Facebook // Marco Rebelo

Além disso, parte do encanto do Poço Negro está no seu estado selvagem. Aqui não há cafés, bares, casas de banho nem caixotes do lixo. É um pedaço de natureza puro e, por isso, cabe a cada visitante garantir que permanece assim.

Informações úteis

E quanto à melhor época para visitar o Poço Negro? Isso depende do que procura. Na primavera, entre abril e junho, o caudal da cascata mantém-se forte, a vegetação está no seu auge e as temperaturas são amenas — ideais para caminhadas e para apreciar a natureza no seu estado mais verde.

No verão, de julho a setembro, o cenário é perfeito para mergulhar, ainda que a água continue gelada. É, no entanto, aconselhável levar chapéu e protetor solar, já que a exposição ao sol pode ser intensa.

Já o outono traz menos visitantes e uma paleta de cores vibrantes nas árvores, tornando-se a altura ideal para fotografar e explorar a região com mais tranquilidade.

Sim, porque nos arredores há muito para descobrir. A aldeia de Manhouce, com as suas casas de granito e tradições musicais, é uma paragem obrigatória para quem aprecia o património cultural.

As termas de São Pedro do Sul oferecem um spa termal histórico, com várias piscinas e tratamentos relaxantes, perfeitos para terminar o dia. E, para os amantes de caminhada, a Serra da Arada apresenta trilhos que conduzem a outras cascatas menos conhecidas, enquanto o Poço da Gola, mais pequeno, mas igualmente encantador, convida a um momento de pausa.