Vamos contar borboletas? Projeto de ciência-cidadã está à procura de voluntários
Os Censos de Borboletas contam com o contributo de voluntários, que recolhem informações sobre o estado de conservação destes insetos, bem como a saúde dos seus habitats.

Sabia que as borboletas estão entre os melhores bioindicadores para estudar a diversidade e abundância de outros insetos menos conhecidos e difíceis de monitorizar?
As borboletas, por tudo isso, não são apenas insetos exóticos que alegram os nossos dias com a sua beleza, cor e leveza. Elas são um autêntico tesouro que importa preservar e esse é precisamente o intuito dos Censos de Borboletas.

A iniciativa, promovida pelo Centro de Conservação de Borboletas de Portugal (tagis) é uma valiosa ferramenta para avaliar o sucesso de medidas adotadas no âmbito da nova Lei do Restauro da Natureza.
Esta monitorização segue uma metodologia padronizada, utilizada em toda a Europa, possibilitando o cálculo de indicadores ecológicos, assim como a comparação entre diferentes locais e a análise das tendências populacionais das borboletas e de outros insetos.
O projeto, todavia, depende em grande parte do trabalho de voluntários para conseguir cobrir o território continental.
Monitorização de norte a sul
Em Portugal Continental, são já mais de 120 as pessoas que participam neste projeto de ciência-cidadã, todas elas treinadas na identificação de borboletas e na metodologia de monitorização.
Os participantes são cientistas-cidadãos, que fazem a contagem e catalogação de forma voluntária, mas também técnicos de organizações não governamentais ou entidades municipais e estatais.
O esforço de voluntários que participam no projeto de ciência-cidadã, juntamente com os técnicos de diferentes organizações, como o Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, o programa ABLE – Avaliar BorboLetas na Europa ou o Butterfly Conservation Europe, já permitiu recolher, entre 2019 e 2024, um impressionante número de 108 544 borboletas pertencentes a 112 espécies contados de norte a sul do país.
Se quiser, portanto, fazer parte deste movimento, terá somente de seguir quatro passos recomendados pelo Centro de Conservação de Borboletas de Portugal.
1 – Escolher um percurso onde realizar as contagens
O trajeto escolhido deverá ter aproximadamente 1 km e ser de fácil acesso para permitir contagens periódicas. Esse é, aliás, um aspeto determinante para obter dados confiáveis.
Um dos grandes desafios, inclusive, é manter a regularidade na monotorização ao longo dos anos, sendo necessárias, no mínimo, 10 contagens anuais para cada percurso.

O primeiro passo é, portanto, marcar o percurso no Google Earth, assinalando as secções que correspondem aos diferentes habitats ou paisagens incluídos no caminho a fazer. Poderá solicitar apoio ao tagis - Centro de Conservação de Borboletas de Portugal para selecionar e marcar as secções do seu percurso.
2- Ajustar o percurso e decidir com os técnicos a rota definitiva
Deverá dar conhecimento aos técnicos sobre o percurso (ou transeto) que pretende fazer para que, em conjunto, decidam a rota e as diferentes paisagens (ou seções) que melhor se adaptem aos objetivos dos censos.
É necessário, para isso, recolher imagens e vídeos do percurso e enviá-los num ficheiro KMZ (ficheiro compactado semelhante ao ZIP e compatível com os softwares do Google Earth) para o seguinte endereço eletrónico: [email protected].
3 – Registar-se na plataforma dos Censos de Borboletas
Após definir o percurso poderá registar-se na plataforma do European Butterfly Monitoring Scheme – eBMS, através do endereço eletrónico www.butterfly-monitoring.net. Atualmente, a rede eBMS conta com cerca de quatro mil transetos na Europa.
4 – Conte as borboletas, usando a metodologia europeia
Ainda antes de partir para o terreno, deverá estar munido de uma folha de registo, que pode ser descarregada no website do Centro de Conservação de Borboletas de Portugal ou de um caderno de campo. Ao chegar a casa, os registos recolhidos devem ser introduzidos na plataforma eBMS.

Todo este processo é apoiado por especialistas envolvidos nos Censos de Borboletas, mas deverá também consultar o manual com a descrição das metodologias de marcação dos transetos e ainda descarregar o guia das borboletas comuns em Portugal continental.

Veja nas referências deste artigo os documentos e os websites onde poderá obter mais informação e inicie esta aventure pelos caminhos coloridos das borboletas.
Referências da notícia
Censos Borboletas de Portugal - Centro de Conservação de Borboletas de Portugal (tagis)
Manual dos Censos de Borboletas de Portugal - Centro de Conservação de Borboletas de Portugal (tagis)
Guia das Borboletas Comuns de Portugal Continental- Centro de Conservação de Borboletas de Portugal (tagis)
European Butterfly Monitoring Scheme - eBMS