Secas rápidas, um conceito cada vez mais familiar: conheça-o!

O conceito de cheia rápida é familiar para uma grande parte da população, contudo o de seca rápida pode vir a estar cada vez mais presente no nosso dia-a-dia. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!

Fendas na terra.
Resultado do fenómeno de seca, numa pequena porção de território.

As cheias rápidas já foram, em Portugal, responsáveis por vários eventos de destruição e, por vezes, estiveram associados à ocorrência de vítimas mortais. Este fenómeno acontece logo após a queda de uma grande quantidade de precipitação, num curto espaço de tempo, num determinado local.

No entanto, a população deve estar cada vez mais familiarizada com a seca rápida, um fenómeno que está a preocupar os agricultores e as empresas responsáveis pelo abastecimento de água potável. As secas rápidas têm a particularidade de surgirem e se intensificarem de forma muito rápida, em comparação com as secas “convencionais”. São responsáveis por danos severos na atividade agrícola e económica, já que as comunidades têm menos tempo para se prepararem para os efeitos deste fenómeno.

Os climatologistas preveem que a precipitação se torne cada vez mais variável, mesmo em regiões mais húmidas, dificultando seriamente o planeamento de respostas às secas rápidas.

Outros efeitos perversos das secas rápidas são o aumento do risco de incêndios florestais ou agrícolas, a falta de água potável nas redes de abastecimento público e a diminuição drástica dos caudais dos rios, que podem pôr em causa a sobrevivência de várias espécies de peixe e de plantas aquáticas.

Este fenómeno acontece quando há uma conjugação de fatores como os valores de precipitação muito abaixo do normal e uma sequência de dias ou semanas com temperaturas muito elevadas. Isto faz com que a humidade presente na superfície da Terra diminua substancialmente, interferindo no ciclo da água.

Onde acontece e como podemos planear respostas?

A temática das secas rápidas tem gerado cada vez mais interesse em países de grandes dimensões, que apresentam grande variabilidade meteorológica e climática. Nos Estados Unidos da América, ocorreram eventos deste género nos anos de 2012, 2016 e 2017, sendo que tiveram impacte direto no rendimento e produtividade agrícola, bem como no risco de incêndio florestal, tendo como resultado final mais de 30 biliões de dólares em prejuízos.

Algumas áreas do Nordeste americano, que tradicionalmente registam elevados valores de precipitação, como é o caso do Estado de Massachusetts, registaram uma seca rápida no verão deste ano, forçando as autoridades locais a restringir a utilização de água, tanto nos espaços públicos como nas habitações.

Esta situação pôs a descoberto as fragilidades de alguns territórios no que toca à previsão de eventos desta natureza. As chamadas secas “convencionais” desenvolvem-se num período de vários anos, sendo que a comunidade científica já dispõe de ferramentas de monitorização e previsão que geram modelos que, por sua vez, ajudam a prever a evolução do evento.

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Criar uma previsão de uma seca rápida é, nos dias que correm, impossível, muito devido à natureza caótica do clima e às limitações apresentadas pelos modelos climáticos. Os climatologistas preveem que a precipitação se torne cada vez mais variável, mesmo em regiões mais húmidas, dificultando seriamente o planeamento de respostas às secas rápidas.

Uma das possíveis respostas a este fenómeno passa pela utilização de novos instrumentos de medição, que aferem a quantidade de água que a atmosfera necessita, a evaporative demand. Os dados gerados podem ajudar os agricultores e as empresas que gerem as águas potáveis a ajustarem as suas operações e a minimizarem os seus riscos quando ocorrem secas rápidas.