Seca na Europa: a pior dos últimos 500 anos

Ainda enquanto decorre o verão é possível monitorizar e analisar uma vasta gama de dados, a nível europeu, para perceber a gravidade da situação que vivemos em relação à seca. Fique a saber mais sobre este assunto, aqui!

Seca em Portugal.
Vista da antiga aldeia de Aceredo, na Galiza, submersa após a construção da barragem do Lindoso, ficou novamente emersa devido à seca extrema que Portugal e Espanha atravessam.

O Observatório Europeu da Seca (EDO, na sigla em inglês) indicou, através da análise de dados dos primeiros 7 meses do ano, que o continente europeu poderá estar a enfrentar a pior seca desde o séc. XVI. Aliás, o último ano minimamente idêntico ao atual foi o de 2018, que foi considerado pelo mesmo organismo como excecionalmente seco.

Espera-se (...) que as situações de seca na Europa do Sul (...) sejam cada vez mais severas e frequentes (...)

O referido ano de 2018 ficou marcado por ser o primeiro em mais de 500 anos em que os efeitos da seca prolongada tiveram como consequência a quebra de produção de alguns produtos agrícolas na ordem dos 50%, no centro e no Norte da Europa, sendo que o Sul da Europa, mesmo com condições difíceis em termos de disponibilidades hídricas, viu as suas colheitas dispararem.

Já o ano de 2022, comparado há 4 anos atrás, é considerado um ano excecional. A maior parte do território tem estado exposto a sucessivas ondas de calor e dias consecutivos sem precipitação que vão afetar várias áreas da economia, a vários níveis.

Como se distribui geograficamente este fenómeno?

Segundo os últimos dados do Observatório Europeu da Seca, cerca de 50% do território europeu está na segunda de três categorias de seca, desde o início do mês de agosto, sendo que 17% do território está no nível mais grave de seca, situação que já representa impactes visíveis na atividade agrícola.

Através da conjugação de dados obtidos pela observação direta, imagens de satélite, fotografias aéreas e modelagem computacional é possível compreender os impactes da seca nos diferentes espaços geográficos da Europa, bem como nos mais diversos países.

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O Sul, o Centro e o Leste da Europa são os espaços mais afetados pelo clima seco e pela falta de precipitação. Em Itália continuam os problemas na bacia do Rio Pó, com níveis de escoamento em recordes mínimos absolutos, numa das áreas mais importantes do país a nível agrícola. Em França foi criada uma equipa de especialistas para criar soluções que mitiguem os efeitos da pior seca alguma vez registada, que faz com várias aldeias não tenham água potável, colocando em risco a produção de leite daqui em diante.

Grandes áreas de países como a Roménia, a Hungria e a Ucrânia também estão a sofrer com a falta de água, tanto à superfície como no subsolo, algo que no caso da Península Ibérica tem potenciado incêndios florestais de grandes dimensões, que destroem milhares de hectares de florestas.

Infelizmente, as previsões para o futuro próximo não são as melhores: as condições do estado do tempo sem precipitação vão continuar, apesar de nesta altura já ser necessário ter índices de precipitação muito acima do normal só para sair da situação de seca severa.

Espera-se igualmente que as situações de seca na Europa do Sul (ou Europa Mediterrânica) sejam cada vez mais severas e frequentes, já que os episódios de precipitação serão cada vez menos frequentes e mais concentrados, algo que, para além do elevado potencial destrutivo não favorece a infiltração de água no subsolo e o consequente recarregamento dos aquíferos.