Que impactos provocam as emissões de combustíveis no clima e na saúde?

Um novo estudo revela os impactos que as emissões de combustíveis, como a gasolina e o gasóleo, provocam no clima da Terra e na saúde humana. Em conjunto, as emissões provocam mais de 200.000 mortes prematuras por ano. Saiba mais aqui!

Mulher trânsito poluição cidade
Um estudo recente demonstra os impactos que as emissões de gasolina e gasóleo provocam no clima e na saúde pública.

Só nos Estados Unidos, estima-se que o setor dos transportes produza anualmente 1.9 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2). Não é segredo que o CO2 contribui para o aquecimento do planeta, mas não é o único material climático ativo na atmosfera: as emissões podem ter efeitos tanto de aquecimento como de arrefecimento, dependendo da sua química e da escala de tempo durante a qual são observadas.

Num novo estudo, Huang et al. projetaram um modelo no qual se observa o impacto total das emissões de veículos a gasolina e/ou diesel no clima à escala global, bem como o seu impacto na saúde humana. Recorrendo ao modelo de Sistemas da Terra do National Center for Atmospheric Research’s Community, um modelo químico-climático global, juntamente com a base de dados das emissões desde 2015, estes cientistas calcularam o efeito de radiação líquida dos setores da gasolina e do gasóleo em torno de +91 e +66 miliwatts por metro quadrado, respetivamente, numa escala temporal de 20 anos.

No que concerne à saúde pública, os cientistas atribuem as mortes, em grande parte, à exposição ao ‘smog’ e à fuligem – partículas de tamanho inferior a 2.5 micrómetros

Um laser produz cerca de 5 milliwatts, pelo que as emissões dos dois setores combinados deverão estar a aquecer o planeta aproximadamente na mesma quantidade que 32 lasers em cada metro quadrado da Terra. A superfície da Terra corresponde a 510 triliões de metros quadrados, o que equivaleria a 1.6 quadriliões de lasers.

Para poderem analisar os efeitos individuais provenientes dos diferentes componentes das emissões dos veículos, os investigadores desmontaram o aquecimento global em duas grandes categorias de emissões: os ‘forcings’ climáticos de curta duração (SLCF - short-live climate forcers), que incluem coisas como aerossóis e precursores de ozono, e os gases com efeito de estufa de longa duração, surgindo o CO2 como o mais proeminente. Os ‘forcings’ climáticos de curta duração (SLFC’s) originários das frotas de veículos a gasolina e a gasóleo, revelaram cerca de 14 e 9 miliwatts por metro quadrado, respetivamente, confirmando que a maior parte dos ‘forcings’ de radiação são provenientes de emissões de longa duração.

Veículos emissões combustíveis atmosfera poluição
Em relação à saúde pública, só o setor da gasolina e do gasóleo provoca anualmente milhares de mortes prematuras.

E na saúde pública, que impactos existem?

No que concerne à saúde pública, os investigadores calculam que o setor da gasolina provoca 115.000 mortes prematuras todos os anos, enquanto que o setor do gasóleo causa 122.100. Os cientistas atribuem as mortes, em grande parte, à exposição ao ‘smog’ e à fuligem (partículas inferiores a 2.5 micrómetros). Esta equipa de investigação também analisou a variação regional e proporcional das taxas de mortalidade prematura em relação à distância total percorrida numa determinada região que utilize cada tipo de combustível.

Estes resultados demonstraram uma grande variabilidade por região: nalguns lugares, registaram-se relativamente poucas mortes prematuras nas grandes distâncias percorridas com um determinado tipo de combustível; enquanto que noutros -nomeadamente no caso do gasóleo utilizado na Índia- se registaram números desproporcionalmente elevados de mortes prematuras.