Quais os impactos na Terra se o aquecimento global for superior a 1,5 °C?

Um estudo recente aponta para as mudanças que podem levar a impactos climáticos irreversíveis no caso do aquecimento global ser superior a 1,5 °C. Contamos-lhe mais aqui!

Aquecimento global
Os impactos climáticos devido ao aquecimento global podem ser irreversíveis e perigosos com sérias implicações para a humanidade.

Com a preocupante subida da temperatura global da atmosfera, os cientistas investigam cada vez mais o impacto do aquecimento global, com a publicação de diferentes estudos.

Estudo recente

Um estudo recente liderado por Armstrong McKay, analista de georesiliência, comunicador e advogado, alerta para as mudanças que podem ocorrer em alguns pontos do globo de acordo com os diferentes intervalos de subida da temperatura global estimados.

O aquecimento global irá provocar pontos de rutura climática, ou seja, condições para além das quais as mudan��as numa parte do sistema climático se tornam irreversíveis.

O estudo apresenta uma avaliação atualizada dos mais importantes elementos de rutura climática e dos seus potenciais pontos de rutura, incluindo os seus limiares de temperatura, escalas de tempo e impactos.

Os pontos de rutura climática são uma fonte de crescente preocupação científica, política e pública, tais como a subida do nível do mar devido ao colapso das camadas de gelo, o impacto na floresta tropical amazónica ou nos corais de água quente e a libertação de carbono do descongelamento do permafrost (camada de terra permanentemente congelada).
Corais
Os recifes de corais da região dos trópicos têm sido afetados pelo aquecimento global e correm o risco de desaparecerem definitivamente.

Foram identificados alguns elementos "nucleares" globais que contribuem substancialmente para o funcionamento do sistema Terra e outros elementos regionais de "impacto" que contribuem substancialmente para o bem-estar humano ou têm grande valor como características únicas do sistema Terra.

Alguns dos elementos estudados foram os seguintes: gelo no Ártico e na Antártida, camada de gelo na Gronelândia, permafrost, florestas boreais, floresta da Amazónia, monção na região oeste de África, corais dos trópicos e glaciares.

Os limiares de pontos de rutura climática estimados destes elementos têm implicações significativas para a política climática.

Gelo no Ártico
O degelo no Ártico e na Antártida são pontos de rutura climática que se podem tornar irreversíveis.

As observações revelaram que partes do manto de gelo da Antártida Ocidental podem já ter passado um ponto de viragem. Foram detetados potenciais sinais de alerta precoce do manto de gelo da Gronelândia, da Circulação Meridional Atlântica e da desestabilização da floresta tropical amazónica.

Pontos de rutura climática tornam-se prováveis dentro da gama do Acordo de Paris de 1,5 °C a 2 °C de aquecimento, incluindo o colapso dos lençóis de gelo da Gronelândia e da Antártida Ocidental, a morte de recifes de coral de baixa latitude e o descongelamento abrupto do permafrost generalizado.

Conclusões

Este estudo fornece fortes provas científicas que é necessário uma ação urgente para mitigar as alterações climáticas. Mesmo o objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento a muito menos de 2 °C, e de preferência a 1,5 °C, não é seguro, uma vez que com 1,5 °C corre-se o risco de serem ultrapassados múltiplos pontos de rutura climática.

Atualmente o mundo caminha para um aquecimento global entre 2 °C a 3 °C. Na melhor das hipóteses, se todas as promessas e contribuições determinadas a nível nacional e internacional forem implementadas, poderá atingir-se um pouco menos de 2°C. Isto reduziria de certa forma os riscos de rutura de alguns elementos, mas ainda assim seria perigoso.

Este estudo indica que mesmo o aquecimento global de 1 °C, um limiar que já ultrapassámos, coloca-nos em risco ao desencadear alguns pontos de rutura. Trata-se de mais um estudo científico que fornece uma razão convincente para se limitar o mais possível o aquecimento adicional da atmosfera.