Porquê reduzir os voos de curta duração na Europa?

O tráfego aéreo é uma das atividades que contribui para a contaminação da atmosfera, nomeadamente para o aumento de dióxido de carbono, o principal gás com efeito de estufa que contribui para o agravamento da crise climática.

Aviação e emissões para atmosfera
O tráfego aéreo é uma das atividades que contribui para a contaminação da atmosfera.

As emissões mundiais da aviação civil têm vindo a aumentar. Estima-se que desde 2005 a 2020 tenha havido um aumento das emissões de 70%. A Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO) prevê que, em 2050, as emissões aumentem de 300% para 700%.

Estudo da Universidade de Manchester

Equipas de investigação dedicam-se cada vez mais à descoberta de soluções para diminuir as emissões de carbono para a atmosfera e, consequentemente, de reduzir o impacto climático das emissões da aviação.

Uma investigação realizada por uma equipa de investigadores da Universidade de Manchester e publicada na revista Transportation Research, descobriu que o principal responsável pelas emissões da aviação no continente europeu é um elevado número de voos de curta distância.

Esta investigação identificou que um número elevado de voos de distâncias inferiores a 300 milhas (cerca de 500 km) é uma das principais razões das emissões nocivas para a atmosfera.

Emissão de gases dos aviões
O aumento de rotas tem contribuído para que aumentem as emissões de gases para a atmosfera provenientes dos aviões.

Os investigadores da Universidade de Manchester acompanharam o tráfego aéreo mundial para obterem os dados necessários ao estudo. Depois integraram-nos com modelos de emissões de aeronaves para produzir estimativas quantitativas das emissões de gases de escape dos motores da maioria dos tipos de aeronaves.

Estas emissões podem ser agregadas por tipo de aeronave, localidades e rotas, frequência de voo e altitude de voo. A equipa concentrou-se na estimativa das emissões ambientais em todo o continente europeu, comparando os voos de longo percurso e os voos de curta distância, ou voos a menos de 300 milhas (cerca de 500 km).

Foram identificados voos curtos entre várias cidades dentro do Reino Unido, França, Alemanha e Polónia, que operavam sobre terreno plano e distâncias inferiores a 200 milhas (cerca de 300 km).

As rotas mais comuns nos dados analisados incluíam Copenhaga-Bromma (Estocolmo), Gotemburgo-Bromma (Suécia); Fiumicino (Roma)-Linate (Milão), Madrid (Espanha)-Porto (Portugal) e um número considerável de rotas domésticas na Polónia, por exemplo Varsóvia-Cracóvia. Há também voos como, Bruxelas (Bélgica)-Amesterdão (Holanda) onde existem boas ligações de transporte não aéreo e muitos voos curtos na Europa Central.

Comboio
O comboio é uma boa alternativa aos voos de curta distância.

Oportunidade para rever a frequência das rotas

A rede de tráfego europeu foi explorada com informação geográfica e, permitiu a identificação de voos extremamente curtos que eram operados através da Europa antes da pandemia da COVID-19 praticamente ter parado o tráfego aéreo. Estas redes de voos foram integradas com métodos avançados de simulação que estimam as emissões de gases de escape dos motores desde a descolagem à aterragem.

Este estudo demonstrou que voos de curta distância na Europa contribuem para uma elevada emissão de carbono para a atmosfera e, que grande parte das rotas de curta distância, têm frequentemente um meio alternativo de transporte. Deste modo, os autores deste estudo propõem que seja reavaliada a rede europeia quando existe uma alternativa de transporte legítima.

Segundo Antonino Filippone, um dos autores do estudo, “As autoridades de aviação e as companhias aéreas têm a oportunidade de rever a frequência destas rotas, reduzir as emissões, otimizar as redes, reduzir o congestionamento e contribuir positivamente para a sustentabilidade ambiental.”

As conclusões desta investigação apresentam uma clara oportunidade para diminuir a poluição desnecessária com o objetivo de se reduzir o impacto climático das emissões da aviação.